Independentemente da aprovação ou não do Senado à abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), a inflação deve continuar desacelerando no Brasil, avalia o superintendente-adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Segundo ele, uma mudança de governo pouco deve influenciar a dinâmica de preços, que já tem sido mais benéfica nas últimas semanas.
"A inflação pode até ser ajudada por algum efeito de expectativas, mas ela também tem a sua inércia, não é tão flexível", afirmou Quadros. "Além disso, os juros dependem do comportamento da inflação. Ninguém vai mexer muito em muita coisa."
O superintendente ressaltou que, mesmo depois da aprovação do prosseguimento do processo de impeachment ontem pela Câmara dos Deputados, com 367 votos a favor, os rumos da economia ainda são alvo de muita "especulação". "A gente não sabe quem vai assumir a Fazenda (em um eventual governo de Michel Temer), o que vai fazer", afirmou.
"A inflação, a curto prazo, já tem dinâmica de desaceleração. Ela não vai perder isso. Há também um efeito benéfico do câmbio", acrescentou Quadros. Segundo ele, o principal fator positivo da conclusão do processo será a redução das incertezas.
Segundo o especialista, a principal mudança em um eventual governo Temer ocorreria na gestão da política fiscal. "É uma questão muito complicada de se resolver, não é só ter um bom formulador de política econômica, tem que articular." Mesmo assim, os efeitos benéficos de um quadro fiscal mais saudável sobre a inflação não seria tão imediato, ressaltou.
O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, projeta inflação de 7,5% para 2016.
Veículo: Jornal Estado de Minas - MG