Selic alta desestimula indústria nacional

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                                                      Industriais reclamam da manutenção de taxa básica de juros, que segura a inflação.

Mantida em 14,25% desde julho do ano passado, a taxa básica de juros (Selic) tem sido uma “faca de dois gumes” para a economia brasileira. De um lado, tenta arrefecer a inflação. Por outro, limita os investimentos na indústria, mantendo a produção e a geração de empregos em baixa. Prova disso é que a taxa de investimentos segue reta declinante desde que a Selic voltou a subir. Só no ano passado, a aquisição de bens de capital que permitem a ampliação da capacidade produtiva caiu 40%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“A taxa de investimento nacional representava de 20% a 22% do PIB em 2012. O objetivo era chegar a 24%, mas hoje está em 14%”, revelou Tobias Silva, da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), ressaltando que esta taxa é maior em países de juros baixos. Na China, por exemplo, já chegou a 50%. “Com juros baixos e estabilidade econômica, os investimentos têm força. Porém, quando os juros são altos, a atividade empresarial é desestimulada porque o investidor passa a ganhar mais aplicando no mercado financeiro”, afirmou.

Tobias explicou que a Selic norteia as taxas de financiamento do País. Por isso, com sua alta, o crédito fica ainda mais caro, sobretudo para os empresários que precisam de valores altos para adquirir equipamentos fabris. Investir tornou-se, então um risco, principalmente em um momento como este, de crise econômica e retração da demanda, concluem os executivos. “Está muito caro financiar qualquer coisa. E não temos garantia de que o investimento vai gerar retorno”, explicou o diretor comercial da Tecpel, Marcelo Patury. “Para nós que não temos encomendas em vista, não vale a pena correr risco”, desabafou o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco (Simmepe), Alexandre Valença.

Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar), foi ainda mais enfático. Para ele, “a taxa não condiz com a realidade financeira do País”. “É um encargo financeiro alto, que inibe o investimento e gera endividamento quando a aplicação ocorre”, explicou. Presidente da Mercedes-Benz no Brasil, Phillipp Schiemer, não ficou atrás. No aniversário de 60 anos da companhia, ele disse que era impossível expandir os negócios.

Gerente de política econômica da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Flávio Castelo Branco teme que esta situação retarde ainda mais o reaquecimento da indústria. “O financiamento é a forma de as empresas investirem; mas a decisão de investir torna-se rara. Só no ano passado, a formação bruta de capital caiu 15% e isso compromete o crescimento futuro porque impacta a capacidade produtiva”. explicou, dizendo ainda que, por isso, hoje a Selic é um “fator altamente limitativo” para a indústria nacional.

 



Veículo: Jornal Folha de Pernambuco


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