A crise global está afetando fortemente o comércio do Brasil com seus três principais parceiros - Estados Unidos, China e Argentina - e em sentidos diversos. O superávit comercial que o Brasil registrou com os Estados Unidos no primeiro trimestre do ano passado, de US$ 482 milhões, transformou-se em déficit de US$ 1,777 bilhão este ano. Já no caso da China, o movimento foi oposto, embora ainda não tenha ocorrido mudança de sinal. O déficit com a China, que era de US$ 2 bilhões baixou para US$ 220 milhões.
"É um déficit mínimo", comentou o vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, que comparou a evolução dos saldos dos principais parceiros comerciais com o Brasil no primeiro trimestre deste ano com o mesmo período do ano anterior. Ele observou que as mudanças foram grandes.
Com a Argentina, terceiro maior parceiro comercial do País, o superávit brasileiro caiu para menos de 10% do que representou no período de janeiro a março do ano passado. Passou de US$ 773 milhões para US$ 43 milhões no primeiro trimestre deste ano. As exportações para a Argentina caíram 43,7% no período e as importações, 33,5%, em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
No primeiro trimestre, as exportações brasileiras para os Estados Unidos diminuíram 37,8%, enquanto as para a China aumentaram 62,7%. Pela primeira vez, a China passou os Estados Unidos como principal destino de exportações brasileiras, em março, comprando US$ 1,737 bilhão, enquanto os americanos adquiriram US$ 1,270 bilhão. "Está havendo uma antecipação de embarques para a China, para garantir preços de commodities", disse Castro, ressaltando soja e minério de ferro.
Ele entende, por isso, que a transformação da China em principal importador do Brasil ocorrida no mês passado não representa ainda uma tendência. A redução do déficit comercial com a China também se dá porque as importações brasileiras de produtos chineses estão caindo. Reduziram-se 12,8% no primeiro trimestre. Só houve crescimento das importações brasileiras no período de produtos norte-americanos, de 1,6%.
Em março, porém, as importações brasileiras de artigos de todos os blocos econômicos caíram, inclusive dos Estados Unidos. "As importações estão sendo afetadas pela taxa de câmbio e pela desaceleração da economia no mercado interno", disse Castro, que prevê mais reduções das importações.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ