São Paulo - Assunto muito debatido desde 2014, o fim do tratado marítimo com o Chile, que deve ser votado ainda este mês, promete aumentar a oferta e reduzir o preço do frete. Contudo, a Hamburg Süd, que hoje realiza a rota, contesta as previsões alegando insegurança jurídica, alta do frete no longo prazo e maior tempo de percurso.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a expectativa é que o fim do acordo ocorra no dia 28 de outubro, data estabelecida pela Câmara de Comércio Exterior para que o Ministério do Transportes apresente uma justificativa para manter o acordo. Na opinião do diretor superintendente da Hamburg Süd, Julian Thomas, se isso ocorrer, a linha direta pode perder massa crítica e, consequentemente, a competitividade. "O volume de carga levado ao Chile não é grande e caso o fim do tratado aconteça, a linha direta pode deixar de ser viável", posicionou.
Atualmente, a companhia junto à Hapag-Lloyd realizam exclusivamente a rota com oito navios com capacidade de 3,5 mil TEUs. "Se a linha direta sofrer, as empresas vão acabar procurando rotas alternativas como o Canal de Panamá", explica. Na opinião dele, caso isso ocorra, o preço do frete deverá encarecer, assim como o tempo de viagem dos navios, que segundo ele, deve aumentar em 14 dias. "Hoje, 80% dos produtos importados vão de navio, se aumentar o tempo de viagem isso vai mudar", diz.
Para reverter a questão, o executivo contou que tem conversado com ministros, com o objetivo de mostrar elementos contrários ao que foi dito pela CNI e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). "Pedimos que não tomem uma decisão radical."
Limite
Além disso, Thomas, em entrevista exclusiva ao DCI, cita que isso provoca insegurança jurídica grande às empresas que estão na rota, por mudar no meio do caminho regras que eram claras para o comércio. "Não se pode romper um acordo antes do fim. Foi renovado em 2015 até 2020 e temos três rebocadores em curso, isso é um investimento de mais de R$ 100 milhões, além de aportes na cabotagem na bandeira brasileira. Se quiser abrir o mercado pode, mas espera o fim do acordo", descreve.
Questionado sobre o preço do frete, principal motivo de reclamação da CNI, Thomas esclarece que as comparações têm sido injustas, já que foram feitas com linhas que não têm as mesmas características do Chile. "Mercados que podem ser comparáveis são Peru ou Equador", diz. Além disso, ele aponta que o frete usado para comparação em usado o valor até a porta e não até o porto. "O rodoviário encarece", diz.
Fonte: DCI