Pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e divulgada ontem revela que quase metade das empresas paulistas já demitiram funcionários por causa da crise financeira mundial e prevê que as demissões ainda devem continuar em 38% das empresas pesquisadas. Segundo o estudo, as empresas planejam demitir 14,3% do seu quadro de funcionários atual.
As empresas que já demitiram funcionários são as que mais devem fazer demissões. De acordo com a pesquisa, mais da metade (56%) preveem continuar diminuindo funcionários do quadro.
Enquanto algumas entraram em um processo de redução de efetivo desde o início da crise, outras ainda não foram tão fortemente afetadas por ela, segundo a pesquisa. O levantamento foi realizado entre fevereiro e março deste ano e ouviu 586 empresas de São Paulo, com o objetivo de avaliar os efeitos da crise financeira mundial sobre as decisões de emprego.
Segundo Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp, a pesquisa não é pessimista, sendo apenas um retrato do que as empresas estão pensando em fazer. "As empresas que não fizeram redução do nível de emprego vão fazê-la. Já as que tiveram forte redução vão fazer ainda mais", disse.
Francini ressaltou que a pesquisa também demonstra que a maior intensidade das demissões como resultado da crise econômica já ocorreu no Brasil. "As demissões vão continuar, mas com menos intensidade", afirmou.
Perguntadas sobre quais medidas adotariam para evitar as demissões, 37% das empresas responderam que utilizariam a redução de jornada de trabalho, com redução de salários, seguida pelo acordo amplo do banco de horas (28%), antecipação de férias (22%) e suspensão temporária do contrato de trabalho (13%).
A Veracel, joint venture controlada pela brasileira Aracruz e pela sueco-finlandesa Stora Enso, demitiu 60 funcionários na última sexta-feira. A companhia, que assim como outras fabricantes de celulose sofre com a queda da demanda e dos preços mundiais do insumo, também colocou 54 trabalhadores do viveiro de mudas em férias, sem prazo determinado. A força de trabalho da companhia é composta por 783 trabalhadores diretos.
A decisão, conforme informou a Veracel, tem origem no agravamento da situação econômica mundial. "Antes de chegar a esta medida drástica, a empresa já havia suspendido contratações e promoções de profissionais, paralisou a compra de terras, cancelou eventos comemorativos e realizou severa redução em despesas operacionais e novos investimentos", informa a empresa em comunicado.
A situação da Veracel é um reflexo do que acontece em suas controladoras. Enquanto a Stora Enso anuncia fechamentos de fábricas e promove cortes de funcionários no exterior, a Aracruz adia investimentos e também já corta postos de trabalho - a companhia anunciou no mês passado a demissão de 177 funcionários.
Emprego volta ao nível pré-crise
O setor de construção civil retomou, em fevereiro, o nível de emprego registrado em junho e julho de 2008, antes do acirramento da crise financeira internacional, segundo levantamento mensal do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e da FGV Projetos, com base nos dados do Caged/MTE.
No fim de fevereiro, o total de empregados pelo setor de construção no país somava 2,103 milhões, acumulando alta de 0,88% no ano e de 10,16% em 12 meses. No mês de fevereiro, o setor contratou 4.114 trabalhadores com carteira assinada. No Estado de São Paulo, foram contratados 1.625 trabalhadores com carteira assinada em fevereiro. Na comparação com janeiro, o número de empregados aumentou 0,27%.
No fim de fevereiro, a construção paulista empregava 601,7 mil pessoas, o que representa crescimento de 11,5% em 12 meses. Houve contratações na maioria das regiões do interior do Estado, com destaque para Santos e São José dos Campos. Foram registradas demissões em São José do Rio Preto e Santo André. Na cidade de São Paulo, havia 290 mil empregados no setor em fevereiro, 11,62% a mais que no mesmo mês do ano passado.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ