Diante do maior recuo no volume de vendas desde 2001, entidades revisam projeção de queda do comércio para 6,5% no ano e jogam para o segundo semestre de 2017 uma eventual retomada
São Paulo - A retração de 6,8% no volume de vendas do varejo nos últimos doze meses até outubro, a maior desde 2001, aponta ao mercado que o pior da crise não passou, e acende sinal de alerta sobre o setor em 2018.
Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE e apontam o maior tombo do setor desde o início da série histórica, começada há 15 anos. Com os resultados negativos em todos os itens pesquisados (ver gráfico), entidades como a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aprofundaram as expectativas de retração para este ano e jogaram a retomada do varejo, se vier, para o final do primeiro semestre do ano que vem. "Mesmo diante de expectativas menos desfavoráveis, dificilmente o varejo deixará de registrar seus piores resultados históricos", afirma o economista da CNC, Bruno Fernandes, lembrando que, após a divulgação, a entidade revisou a retração prevista para o ano de 6,0% para 6,5%.
Segundo o indicador do IBGE, na comparação entre outubro deste ano e do ano passado, a retração ficou na casa dos 8,2% no mês, a 19ª taxa negativa consecutiva. "Por ora, a situação do consumidor segue influenciada por fatores negativos, como juros altos, inflação, desemprego e queda da renda. A expectativa é que essas variáveis mostrem melhora apenas em 2017", diz o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro, sinalizando que a retomada deve ser postergada até junho de 2017.
Na visão dos representantes das entidades, o destaque negativo para o indicador neste mês foi o resultado apresentado nos hiper e supermercados (-0,6%), setor que vinha apresentando maior resistência ao cenário de crise. Outro segmento que tropeçou no mês foi o de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,1%).
Paula Cristina
Fonte: DCI - São Paulo