Déficit de armazenagem no Mato Grosso é o maior gargalo da safra atual, aponta Aprosoja

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A capacidade instalada deveria contemplar 120% da produção local, conforme orientações da FAO, mas no Estado o nível está abaixo de 50%. A venda antecipada pode se tornar alternativa

 

 

Cuiabá (MT) - Nas lavouras do Mato Grosso, as variáveis atuais indicam uma recomposição de perdas. Mas, se o clima colaborar e a colheita bater 57 milhões de toneladas só de soja e milho, haverá déficit de 23 milhões de toneladas na capacidade de armazenagem do estado. A análise é do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso (Aprosoja-MT), Endrigo Dalcin. Em entrevista ao DCI, ele conta que esta é a grande preocupação do setor na temporada. Atualmente, o maior estado fornecedor de grãos do País tem infraestrutura para reservar 34 milhões de toneladas em commodities agrícolas, entre armazéns públicos e privados, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Já o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima que a região colherá 30,5 milhões de toneladas da oleaginosa e outras 26,5 milhões do cereal. No cruzamento dos dados, o déficit é evidente.



"Segundo a FAO [Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação], a capacidade de armazenagem instalada deveria representar 120% do total da produção local, ou seja, no nosso caso seria preciso superar 60 milhões de toneladas", ressalta Dalcin. Na última quarta-feira (7), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, cedeu o primeiro armazém da Conab ocioso a produtores rurais, no município de Chapadão do Sul (MS). Na ocasião, ele afirmou que o objetivo é ceder ou vender as unidades ociosas a estados e municípios, e adiantou que a linha de crédito voltada à construção de novos armazéns será descontinuada. O plano recebia de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões em aportes por ano. A decisão de ceder as unidades também visa desonerar a União pela manutenção.



Dalcin considera o processo de concessão de crédito muito burocrático, principalmente, no que se refere à liberação de licenças ambientais para a realização das construções. "Vender esses armazéns da Conab não vai resolver nosso problema, porque eles estão em más condições. [as unidades] carecem de investimentos, modernização e ampliação na capacidade", avalia. "Vamos ver milho a céu aberto nas fazendas porque não terão onde guardar", acrescenta ele.

 

No principal concorrente, os Estados Unidos, também houve problema após a superssafra desse ano, diz Dalcin, mas os agricultores norte-americanos têm a vantagem de estar a menos de 200 km de distância dos portos, enquanto os brasileiros do Centro-Oeste ficam a 2 mil km dos portos no Sul e Sudeste do País. Para minimizar o problema, uma alternativa é a venda antecipada da produção. "Já fiz o hedge de 20 mil sacas de milho com a [trading] ADM, a R$ 19 por saca. No pico da colheita, o preço vai ficar abaixo do mínimo, que está em R$ 16,50 por saca", revela Dalcin, que também é produtor do município de Nova Xavantina, no leste do Mato Grosso.


 
 
Nayara Figueiredo

 

Fonte: DCI - São Paulo

 

 

 

 

 

 

 

 


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