Lojas Americanas prepara-se para novo aumento de capital

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A administração da Lojas Americanas apresentou, na segunda-feira, proposta para aumento do limite do capital autorizado da empresa, que possibilitará à companhia fazer um aumento bilionário de capital mais à frente, que pode atingir até R$ 8 bilhões, calculou o Valor, considerando valores atuais do papel. Há uma expectativa no mercado de que esses recursos sejam usados em novos planos de investimento da companhia, como mais um aporte na controlada B2W (empresa dos sites Americanas.com e Submarino), e transação de uma possível compra de ativos, de Via Varejo e BR Distribuidora.

 

A mudança será discutida em assembleia de acionistas no dia 28 de dezembro.

 

A proposta é de um aumento do limite de capital autorizado, do atual teto de 1,5 bilhão de ações ordinárias (com direito a voto) e/ou preferenciais (sem direito a voto) para até 2 bilhões de papéis. Em comunicado ontem, a empresa ressalta que precisa fazer a alteração pois está "quase esgotado" o limite para aumento do capital social (o total de ações emitidas atinge pouco mais de 1,42 bilhão de papéis, e o teto atual é de 1,5 bilhão), e também é preciso "permitir maior celeridade em eventuais processos futuros de aumento de capital da companhia". Questionada pelo Valor sobre projetos que poderiam ser atendidos num futuro aumento de capital, a rede disse que não se manifestaria sobre a questão.

 

Atualmente, considerando o total de 1,42 bilhão de papéis, são 62,9% de preferenciais e 37,1% de ordinárias. Ao se respeitar essa proporção, as 500 milhões de ações se dividiram em 314,5 milhões de PNs e 185,5 milhões de ONs. Esse volume de papéis, com base na cotação do fechamento de ontem, equivale a uma operação de R$ 7,43 bilhões. Num cálculo considerando as ações mais líquidas, as preferenciais, os 500 milhões de papéis correspondiam ontem a R$ 8,23 bilhões. Na abertura do pregão de ontem, as PN chegaram a registrar a maior baixa entre as ações do Ibovespa, mas cotação virou e papel fechou em alta de 2,30%.

 

A necessidade de uma rapidez maior num possível aumento de capital é mencionado pela empresa num momento em que a rede já confirmou análise de compra de novos ativos no mercado. A empresa disse que recebeu, em outubro, prospecto de venda de 51% da BR Distribuidora, uma negociação que está em compasso de espera desde que o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu, na semana passada, suspender novas vendas de negócios da Petrobras.

 

Equipe de analistas do UBS calculou US$ 10 bilhões como valor para toda a BR Distribuidora - cerca da metade equivaleria a US$ 5 bilhões (R$ 17,5 bilhões). O comando da Lojas Americanas já admitiu em novembro que está analisando aquisição de todo o negócio da BR (não apenas a operação de lojas de conveniência).

 

Ao se considerar um negócio dessa magnitude, analistas acreditam que, caso o interesse da varejista na BR se mantenha, seja preciso entrar na operação em parceria com fundos de investimento. Questionado por um analista, em teleconferência em novembro, o diretor da Lojas Americanas, Luiz Saraiva, disse que "não tinha nada a informar" sobre o assunto. Ainda está no radar da rede de departamento, segundo fontes, a aquisição da fatia de 43% da Via Varejo, pertencente ao Grupo Pão de Açúcar - operação que estenderia direito de 100% de "tag along" aos ordinaristas. O valor de mercado da Via Varejo ontem estava em pouco mais de R$ 4,2 bilhões. A Lojas Americanas não confirma o interesse na Via Varejo.

 

Analistas também consideram a necessidade de outro aumento de capital na B2W por parte da Lojas Americanas, que pode ou não ser acompanhado pelos minoritários, após novo aumento na alavancagem. Eles já levantaram essa hipótese poucos meses após o último aporte na B2W em meados do ano, de R$ 823 milhões. Questionado pelo analista do Credit Suisse Tobias Stingelin, Saraiva disse que "existem diversas alternativas para a B2W". Perguntado pelo analista como a empresa pretende fazer tantos negócios ao mesmo tempo - B2W, Via Varejo e BR - Saraiva disse que "cada coisa é avaliada de forma diferente". "Não vemos, de forma tão direta, a concorrência entre um negócio e outro", disse, sem mencionar especificamente nenhuma transação. "Temos muita vontade, e temos gente para fazer tudo".

 

A Lojas Americanas fechou o terceiro trimestre do ano com leve aumento no endividamento, passando de 1,8 vez em setembro de 2015 para 2,1 vezes em setembro deste ano. Na B2W, essa relação passou de 2,5 vezes para 3,2 vezes - em junho estava em 3 vezes.

 

 

Por Adriana Mattos | De São Paulo

 

Fonte: Valor Econômico

 

 

 

 

 


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