Intenção de consumo cai e confirma que a retomada do varejo será lenta

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Queda de 0,3% do índice em dezembro, na comparação interanual, mostra que o retorno do setor ainda está distante, uma vez que nem a confiança do cliente está próxima de um patamar positivo

 

 

São Paulo - A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu 0,3% no mês de dezembro, em comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo 76,2 pontos. A retração, em cima de uma base comparativa muito baixa, demonstra que a retomada do varejo - a despeito das previsões mais otimistas - ainda está em um horizonte distante.

 

"A recuperação do otimismo do consumidor sempre vem antes da retomada efetiva das vendas e, como o ICF vem mostrando níveis ainda muito baixos, não esperamos uma recuperação do varejo no curto prazo", afirma o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Bruno Fernandes.

 

Medido pela entidade, o índice mostra o potencial de vendas do comércio no curto prazo e serve para medir o ânimo do consumidor em relação ao cenário atual e futuro. O indicador varia de 0 a 200, sendo que acima de 100 é uma visão positiva e abaixo dessa faixa negativa. "O nível atual é extremamente baixo, ainda mais considerando a média histórica mensal do ICF, que é, desde 2010 até agora, de 118 pontos", diz.

 

Apesar da queda na comparação interanual, o indicador viu uma alta de 2,6%, quando comparado com o resultado do mês de novembro. Segundo Fernandes, no entanto, isso se deve estritamente há uma questão sazonal. "O estudo não considera a sazonalidade, então muito dessa alta mensal se deu por conta do período do Natal, que tradicionalmente possui vendas mais altas", explica. O economista acrescenta que a queda de 0,3% na comparação anual já era esperada. "Diante das condições econômicas muito fracas, esse recuo está dentro do previsto", diz. Nessa base comparativa, o indicador vem apresentando retração desde janeiro de 2013, ou seja, por 48 meses consecutivos.

 

Bens duráveis

Dentre os índices que compõem o ICF, o que está em patamar mais baixo é o chamado Momento para Duráveis, que mede a intenção atual de consumo de bens duráveis (eletro-eletrônicos, móveis e automóveis). No mês de dezembro, ele fechou em 50,9 pontos - uma alta de 6,9% na comparação interanual.

 

Fernandes aponta, no entanto, que esse crescimento que o indicador vem apresentando nos últimos meses (veja no gráfico) ainda é muito fraco. "Essa melhora no otimismo para a compra de bens duráveis foi influenciada pela queda da taxa básica de juros (Selic), mas para que isso de fato se converta em vendas é preciso que essa queda chegue na ponta", afirma. O economista explica que, em geral, demora de seis a nove meses para que a queda na Selic chegue no consumidor final. "E tem também a questão da inadimplência: com a inadimplência muito alta os bancos relutam em cortar os juros", completa Fernandes.

 

Por região

De acordo com o estudo da CNC, no índice Momento para Duráveis a região que apresentou o pior resultado em dezembro foi o Norte, onde o valor atingiu o patamar de 28,1 pontos - após sentir uma retração de 18,2%, na comparação anual, e de 17,7%, em relação ao mês de novembro. A segunda região com menor propensão para consumir bens duráveis é o Nordeste, onde o índice fechou o mês de dezembro em 48 pontos. Na outra ponta, a região Sul é onde o consumidor têm mais intenção de comprar esses produtos, já que o indicador fechou em 75,5 pontos.

 

"Essa discrepância está em linha com o que vemos na economia. As regiões Norte e Nordeste são as que mais estão sofrendo e as que tiveram uma perda maior do poder de compra nos últimos anos", diz. Em relação as perspectivas daqui para frente, Fernandes é taxativo: "Para as vendas crescerem, o emprego, renda e crédito precisam melhorar. E não vejo isso acontecendo nos próximos meses. Ainda deve demorar para a retomada."

 

 

 

Fonte: DCI


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