Nem a abertura de 19 shoppings freou retração no número de lojas este ano

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Além de apresentar uma queda de 9,7% no faturamento e de ter o pior Natal dos últimos 12 anos, os centros comerciais registraram, em 2016, o fechamento de mais de 18 mil pontos de venda

 



São Paulo - Como se não bastasse finalizar 2016 com o pior Natal dos últimos 12 anos e com retração de quase 10% em doze meses, pela primeira vez desde 2004 o setor de shopping centers apresentou um saldo negativo no número de pontos de venda, mesmo com as 19 inaugurações de centros comerciais que ocorreram no ano. De acordo com estudo divulgado ontem (26) pela Associação de Lojistas de Shopping (Alshop), os centros de compra no País terminaram 2016 com 18.100 lojas a menos do que ao final de 2015, totalizando 121.638 operações, frente às 139.738 no fechamento do ano passado (queda de 12,9%). O diretor institucional da entidade, Luis Augusto Silva, conta que foi a primeira vez desde o início da pesquisa, em 2004, que o setor fechou com um saldo negativo (veja no gráfico).



Segundo o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, parte desses fechamentos se deu por uma migração para outros formatos. "Algumas dessas lojas realmente foram para unidades de rua, e outras simplesmente fecharam. Teve um movimento também de lojas que fecharam em um shopping e abriram em outro, para buscar condições de negociação mais favoráveis", afirma o executivo. O resultado deste ano fez com que o setor retrocedesse para patamares inferiores aos de 2013, quando o ramo fechou o ano com 129.900 lojas. Além dos fechamentos, Sahyoun afirma que os novos empreendimentos têm aberto as portas com uma ocupação de, em média, só 50% do total.

 



Resultado do ano
Sobre o faturamento no acumulado do ano, a Alshop sinalizou para uma retração de 9,7%, em termos reais. Segundo a entidade, o setor fechou 2016 com um faturamento de R$ 140,5 bilhões - cerca de R$ 5 bilhões inferior ao resultado visto no ano passado. O fechamento de lojas, somado ao resultado extremamente fraco do ano, levou também à uma queda expressiva no número de empregados no ramo. De acordo com o levantamento, houve uma redução de 36.659 vagas, sendo que 32.839 foram funcionários das lojas, e 3.820 funcionários diretos dos centros de compra. Em relação às inaugurações de novos empreendimentos, Sahyoun afirma que dos 19 lançados este ano, 68% foram construídos em cidades do interior. De acordo com ele, a tendência de interiorização seguirá nos próximos anos.



"Isso tem ocorrido porque cada prefeito busca ter um shopping em sua cidade para não perder receita para o município vizinho", afirma. Ele completa que 15 anos atrás a concentração nas capitais era muito grande, e aproximadamente 75% de todos os shoppings ficavam localizados nos grandes centros. Atualmente, do total de 542 shopping centers 'tradicionais', 53,69% estão em municípios do interior.



A respeito das perspectivas para o futuro, a entidade estima que existam mais 42 shoppings em construção no País, e que cerca de um terço desse total tenha as obras finalizadas já no ano que vem. O restante deve ver a conclusão em no máximo três anos.

 



Vendas do Natal

Sobre as vendas do período do Natal, a entidade afirma que houve uma queda de 3%, em termos nominais, no comparativo com 2015. O resultado representa uma retração em cima de outra queda, já que no ano passado o setor recuou 2,8% no mesmo intervalo. "O Natal sempre cresceu três a cinco vezes acima do crescimento da economia. Este ano foi o pior resultado visto para o período desde que acompanhamos", lamenta Sahyoun. Apesar da queda acentuada, o executivo diz que o resultado já era esperado pelo setor.



Ainda de acordo com o levantamento da Alshop, o número de temporários contratados para trabalhar no período recuou, em relação a 2015. As lojas em shoppings contrataram este ano 96 mil colaboradores contra 138 mil contratações no ano passado - uma queda de 30%. Em termos de efetivação desses profissionais a tendência também é de uma diminuição, já que a expectativa é de que o setor absorva 15% dos temporários. "Em outros anos a efetivação de temporários foi de 25%", diz.



Em relação as perspectivas para o ano que vem, a direção da Alshop se mostrou otimista, a despeito dos resultados muito ruins vistos este ano. "A partir de 2017 os números vão ser muito mais positivos. Vamos ter mais aberturas de lojas, os shoppings que ainda não se consolidaram vão entrar em processo de consolidação, e vamos ter mais dinheiro no mercado", prevê Sahyoun. Para ele, essa melhora no quadro se dará, principalmente, pelas mudanças macroeconômicas que já vêm sendo ensejadas pelo governo federal. Ele cita como exemplo, a perspectiva de redução maior da taxa básica de juros, a Selic, e nas taxas de juros no cartão de crédito para consumidores. Outro aspecto que segundo ele injetaria ânimo no setor seria a diminuição do prazo de repasse aos lojistas dos recebíveis do cartão de crédito. O tema, que tem gerado polêmica nas últimas semanas, deve ser definido, na visão de Sahyoun, até no máximo o final do primeiro trimestre de 2017.



Pedro Arbex

 


Fonte: DCI - São Paulo

 

 

 

 


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