Na terceira semana de abril, a balança comercial apresentou superávit de US$ 328 milhões, razão das exportações de US$ 2,756 bilhões e importações de US$ 2,428 bilhões. Este valor representa queda de US$ 421 milhões, se comparado a semana anterior, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
No ano, o superávit registrou US$ 4,677 bilhões (média diária de US$ 64,1 milhões). As exportações alcançaram US$ 38,178 bilhões (média diária de US$ 523 milhões) e as importações, US$ 33,501 bilhões (média diária de US$ 458,9 milhões).
A média diária das exportações na terceira semana de abril (US$ 551,2 milhões) representou uma retração de 9,1% em relação à média de US$ 606 milhões apurada na segunda semana e queda de 12,8% em relação ao registrado em abril do ano passado (US$ 669,4 milhões), de acordo com as estatísticas do Mdic, esse decréscimo foi provocado pela queda nos embarques de produtos básicos (menores em 13,7%) e a queda de 6,9% nos produtos manufaturados, já as exportações de produtos semimanufaturados registraram alta de 2,3%.
As importações continuam a cair, na terceira semana deste mês, a média diária das importações ficou em US$ 444,7 milhões, 24,2% abaixo da média de abril de 2008 (US$ 586,7 milhões) e ainda 2,5% inferior ao mês passado (US$ 456,3 milhões).
No comparativo com o mesmo mês do ano passado, recuaram os gastos, principalmente, nas compras de adubos e fertilizantes (57,5%), combustíveis e lubrificantes (47,7%), borracha e obras (38,3%) e aeronaves (31,3%).
De acordo com a professora de macroeconomia da ESPM, Cristina Melo, o fato da balança comercial estar positiva deve-se à brusca queda nas importações brasileiras e, em menor quantidade, nas vendas para outras nações, principalmente para os produtos com maior valor agregado.
"Devemos esperar quedas no saldo da balança comercial brasileira até o meio deste ano, em razão da crise financeira mundial, onde os recursos de todos os países estão mais escassos e retraídos", explicou a professora.
Para ela, a razão do superávit da balança comercial acontece em razão principalmente das trocas comerciais com países em desenvolvimento, como a China. "Os países desenvolvidos como os Estados Unidos, Canadá e Japão precisam de mais ajuda para saírem do buraco do que o Brasil ou os demais países em desenvolvimento", argumentou Cristina.
"As exportações para os EUA caíram 38% e as para a Argentina tiveram uma redução de 46%. Em contrapartida, as vendas para a China cresceram 23%", acrescentou a professora.
Quando questionada sobre a balança brasileira correr o risco de inverter e ficar deficitária visto que nesta semana houve uma queda brusca em relação a semana anterior, Cristina disse que "apesar das quedas, não teremos uma balança deficitária até o meio do ano, depois disso é possível acontecer. O problema é a deflação mundial, quando caem os preços no mercado externo e vemos uma rigidez no mercado interno dos nossos principais compradores. Então, perderemos a possibilidade de continuar exportando para eles".
Para o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex), Roberto Segatto, devemos apostar realmente nos países em desenvolvimento, uma vez que eles serão os primeiros a sair da crise financeira: "temos também que abrir novos mercados, e mudar a pauta de nossas exportações que tem como maior volume as commodities. Devemos exportar bens duráveis, e temos que fazer um plano para industrializar os materiais primários, vamos elaborar a nossa carne, da forma que o país que irá comprá-la quiser, precisamos urgentemente agregar valor aos produtos exportados".
Veículo: DCI