O Brasil voltou à mesa de negociações com a Rússia para debater as cotas para a exportação de frango. Segundo Francisco Turra, presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), a compra de trigo de Moscou poderá ser usada como moeda de troca em um acordo futuro. "Como o Brasil está para comprar trigo russo, existe a oportunidade de fazer um escambo, ampliando nossas exportações de carne", diz Turra.
O Brasil foi incluído pelo governo russo na faixa chamada de Outros Países, segundo a qual, desde 1º de janeiro deste ano, a exportação de frango está limitada a 12 mil toneladas anuais no total. Acima deste limite, é aplicada uma cota-extra de 95%. Em 2008, esse volume era de 68 mil toneladas anuais (para todo o grupo), com tarifa extra-cota de 65%.
Com essa redução, entre janeiro e março de 2009, as vendas brasileiras de carne de frango para o mercado russo caíram 21% em relação ao primeiro trimestre de 2008, totalizando 21 mil toneladas. Segundo o setor, os maiores favorecidos pelo sistema de cotas da Rússia são Estados Unidos e União Europeia.
Sergi Yashin, diretor da Associação Nacional de Carnes da Rússia, defendeu que o Brasil tenha uma participação maior no regime de cotas. Segundo Yashin, todas as negociações até agora realizadas não levaram em conta o consumidor russo, que com a diminuição das exportações brasileiras paga mais caro pela carne. "Na Rússia hoje, há um desemprego considerável, o que provocará uma diminuição do consumo das carnes bovina e suína. Mas o consumo de carne de aves está e deverá permanecer estável porque o mercado russo não conseguirá ficar sem o produto brasileiro", afirma o executivo russo.
Turra afirmou que o regime de cotas para as importações por parte da Rússia vai permanecer durante os próximos três anos. "Os exportadores brasileiros de carne de frango não estão pedindo nada mais além de concorrer em igualdade de condições com os demais players deste mercado", afirma Turra.
Além da possibilidade de usar o trigo como moeda de troca nas negociações para a venda de frango, Turra diz que o apoio para a entrada da Rússia na Organização Mundial de Comércio (OMC) também deve ser condicionado às exportações.
Suínos
A Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) também esteve reunida com os russos para debater as cotas para o setor, mas informou que nenhuma solução foi encontrada.
O Brasil voltou à mesa de negociações com a Rússia para debater as cotas para a exportação de frango. E, para isso, a compra de trigo de Moscou poderá ser usada como moeda de troca em um acordo futuro.
Veículo: DCI