Comércio desacelera, apesar da alta de 0,3%

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As vendas do varejo aumentaram 0,3% e a receita nominal do setor cresceu 0,5% em março de 2009, em relação a fevereiro, na série com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar das taxas positivas, a pesquisa aponta para desaceleração na atividade comercial, já que de um mês para o outro os percentuais de crescimento estão encolhendo: de dezembro para janeiro, as vendas se expandiram em 1,9% e, de janeiro para fevereiro, em 1,5%.

 

Na comparação com março de 2008, o volume de vendas cresceu 1,8%, o pior resultado apurado pelo IBGE desde novembro de 2003. A receita nominal do varejo teve elevação de 7,8%. O desempenho nesta base de comparação, tanto no caso das vendas como no da receita, ficou abaixo do esperado, porque sofreu o efeito da Páscoa, que no ano passado caiu em março, formando uma elevada base de comparação para 2009.

 

"A desaceleração no aumento das vendas em março não reverte a tendência do setor que ainda continua resistindo à crise. O resultado poderia ter sido melhor se não fosse o efeito calendário. O setor de hipermercados e lojas de departamento, que têm forte movimento nessa data, responderam por 57% na composição do indicador e registraram queda de vendas de 2,2% neste mês de março", explicou o coordenador da PMC, Reinaldo Silva Pereira.

 

Para ele, a pesquisa de abril pode apresentar inversão de tendência, já que o feriado foi comemorado no mês passado este ano e pode impulsionar o resultado. "Não fazemos previsões, mas é preciso levar em conta que a redução IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) da linha branca foi em abril e isso pode influenciar positivamente o resultado."

 

No primeiro trimestre, o volume de vendas e a receita nominal do varejo expandiram 3,8% e 9,9%, respectivamente. A variação de 3,8% no comércio varejista no primeiro trimestre do ano de 2009, comparado com igual período de 2008, ficou abaixo não só da variação do último trimestre do ano anterior (6%) como de todo o período iniciado em janeiro de 2004, com exceção de junho de 2005 que registrou variação também de 3,8%.

 

Nos últimos 12 meses, esses indicadores acumularam crescimento de 7,2% e 13,5%, respectivamente. Para o coordenador da pesquisa, o resultado indica desaceleração no ritmo de crescimento das vendas, após aumentos da taxas acima de 1%, verificados no primeiro bimestre de 2009.

 

ATIVIDADES. Em março, oito das dez atividades pesquisadas registraram resultados positivos para o volume de vendas na comparação com fevereiro, com ajuste sazonal. Foram as atividades de veículos e motos, partes e peças (3,9%), material de construção (3%), tecidos, vestuário e calçados (1,9%), livros, jornais, revistas e papelaria (1,9%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,4%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,1%) e combustíveis e lubrificantes, com 0,9%.

 

A atividade de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo não registrou variação, enquanto a de móveis e eletrodomésticos registrou taxa negativa de 2,2%

 

Na comparação com março de 2008 (série sem ajuste), seis das oito atividades do varejo registraram aumento no volume de vendas, como artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (15,2%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (5%), combustíveis e lubrificantes (4,2%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,7%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (18%), e livros, jornais, revistas e papelaria (10,5%). Com resultados negativos estão relacionados os segmentos de móveis e eletrodomésticos (-0,9%) e tecidos, vestuário e calçados (-8,2%).

 

A atividade de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com a maior participação na taxa global do varejo, influenciando a mesma em 48%, apresentou crescimento de 15,2% na comparação com março de 2008 e taxas acumuladas de 12,1% para o primeiro trimestre e de 13,1% nos últimos 12 meses.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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