A deflação do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) desacelerou de uma queda de 0,15% em abril para uma queda de 0,07% em maio por causa da desaceleração da alta dos produtos agrícolas no atacado por um lado e, por outro, da redução do ritmo de queda dos produtos industriais também no atacado.
Para o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o comportamento da inflação dos produtos in natura no atacado foi o fator principal para a manutenção da deflação em maio.
Segundo ele, o segmento, cujo valor médio caiu 5,31%, ante alta de 2,83% em abril, trouxe um alívio de 0,18 ponto percentual para a taxa do conjunto geral de preços do atacado, que representam 60% de todo o indicador geral da FGV e registraram variação negativa de 0,30% em maio contra declínio anterior de 0,44%.
"Tem uma parte do Índice de Preços por Atacado (IPA) que conta com uma trajetória mais previsível, mas o que fez diferença em maio foram os produtos in natura", disse Quadros.
A análise do coordenador tem ligação principalmente com o que aconteceu em maio com os preços no atacado na divisão que a FGV realiza por origem. No período, de maneira diferente da que uma parte considerável do mercado imaginava, a alta dos preços agropecuários, que contêm a parte in natura, foi menor (0,24%) que em abril (0,84%). Esse movimento aliviou a queda bem menos expressiva observada nos preços industriais do atacado, que variaram -0,85% em abril e recuaram 0,48% em maio.
Quadros destacou que a importância dessa espécie de "choque" de alguns itens in natura foi tão grande em maio que eles conseguiram amenizar até alguns efeitos provenientes de itens agropecuários com peso bastante forte no IGP-M, como a soja e o milho. Entre abril e maio, o primeiro passou de uma alta de 3,97% para uma variação de 5,13%. O segundo, por sua vez, passou de uma queda de 3,19% para uma elevação de 6,30%.
"O efeito de baixa de itens, como o mamão (-33,11% ante 23,75%), a laranja (-13,26% ante -4,05%) e a uva (-22,99% ante 2,91%), dificultou toda aquela análise de que o início de uma recuperação na atividade global poderia trazer preços de alguns itens para cima, comentou.
DÓLAR. Para o economista-chefe do Banco WestLB, Roberto Padovani, os dados do IGP-M estão "confusos". O banco acertou a projeção mais pelo cenário macroeconômico que pelos dados do indicador. "Os números do IGP-M estão muito confusos. As prévias estão dando sinais opostos", avaliou.
Neste sentido, segundo Padovani, o efeito do comportamento do câmbio sobre a formação dos preços ganhou mais relevo nos cálculos banco. "O negócio é que a desvalorização do dólar em relação ao real está chegando, ainda que aos poucos, aos preços, especialmente nas commodities agrícolas", explicou.
O IPA Agrícola desacelerou de 0,84% em abril para 0,24% agora em maio. Na ponta dos produtos industriais, a redução do ritmo de queda, de acordo com Padovani, ocorre com o esgotamento dos estoques no setor. Para o economista, é muito provável que as tomadas de preços da FGV continuem registrando variações negativas dos preços dos produtos industriais no atacado, mas as quedas serão cada vez menores, caminhando em direção a zero. Isso porque, na medida que os estoques vão sendo reduzidos, os descontos começam a serem diminuídos.
Agora em maio, o IPA Industrial fechou com uma queda de 0,48%. Em abril a deflação neste segmento havia sido de 0,85%. No entanto, a avaliação geral dos economistas do WestLB é a de que, em 2009, o IGP-M continuará subindo, mas de forma controlada, refletindo os movimentos cambiais.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ