O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirma que a economia nacional apresentará resultado negativo no primeiro trimestre deste ano e prevê aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010 de 4%. É uma taxa de crescimento menor do que os 4,5% previstos no Orçamento da União para o próximo ano. O ministro acredita, porém, que a economia voltará a crescer ao longo deste ano e fechará 2009 em alta, entre 1% e 2%. "Considero que teremos em 2009 um crescimento aquém do de 2008 e 2007", disse o ministro, durante audiência publica na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal.
O ministro não informou qual seria a redução do PIB no primeiro trimestre - que deve confirmar a recessão técnica, quando dois trimestre seguidos apresentam queda. Para Mantega, o importante é que a economia nacional voltou a crescer a partir de março e o resultado do primeiro trimestre passa a ser uma notícia velha na atual conjuntura econômica. "O importante é que já estamos em processo de recuperação, sem olhar para o retrovisor", disse. "O importante é ver a capacidade da economia brasileira e a superação dos problemas apresentados", respondeu Mantega ao senador Arthur Virgilio (PSDB-AM) que cutucou o ministro ao dizer que a economia brasileira, apesar de sinalizar recuperação, ainda apresenta resultado abaixo de outros países emergentes, como China e Índia.
O senador Aloísio Mercadante (PT-SP) saiu em defesa da economia brasileira e disse que o Brasil ainda terá dias difíceis porque as economias de países de primeiro mundo ainda estão deprimidas. "Enquanto economias dos Estados Unidos, Japão e da Europa não se recuperarem, o crescimento do Brasil será baixo, porque o rabo não pode abanar o cachorro", defendeu Mercadante, ao rebater as criticas de Virgilio de que o Brasil está na melhor posição entre os países do BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tanto social quanto economicamente.
Mantega concordou com as informações de Mercadante de que a economia brasileira ainda depende muito da contribuição das exportações para o crescimento do PIB, embora o governo tenha tomado várias medidas anticíclicas para aquecer o mercado interno. O consumo doméstico reponde por mais de 60% do que o Brasil produz anualmente.
Durante a audiência, o ministro usou os mesmos argumentos do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmando que o governo não vai mexer no atual modelo de taxa de câmbio para segurar a queda do dólar ante o real. "O câmbio é flexível e essa é a melhor modalidade para o câmbio", disse Mantega. Ele adiantou, porém, que o governo voltará a comprar dólar para aumentar as reservas internacionais, o que ele chamou de um "seguro para o Brasil", em eventuais saídas de capital estrangeiro. Segundo Mantega, ao comprar dólar para as reservas, o Banco Central enxuga a liquidez da moeda americana no mercado. Para Mantega, a tendência é de baixa do dólar no mercado mundial e que outras moedas, como a brasileira e a da chinesa (iuane) devem ganhar espaço no exterior.
Veículo: Gazeta Mercantil