Coreanas ''tiram'' brasileiras do mercado de TVs

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Avanço das telas de LCD e plasma sobre a TV de tubo concentra mercado nas mãos de empresas estrangeiras

 

Renato Cruz

 

A substituição dos televisores de tubo pelos aparelhos de plasma e LCD tem causado mudanças profundas no mercado brasileiro de TVs. A indústria nacional perdeu espaço, principalmente para os fabricantes coreanos LG e Samsung. No ano passado, a LG já era a líder de mercado, com a Semp Toshiba (uma empresa com 60% de capital nacional e 40% japonês), em segundo lugar.

 

Entretanto, levando-se em conta apenas o mercado de LCD, o que mais cresce no País, a segunda colocada já é a Samsung. A brasileira Gradiente, que já foi uma das gigantes do setor, está com as fábricas paradas e luta para voltar ao mercado. A CCE, outra empresa de capital nacional, foca sua atuação nos televisores de tubo, enquanto a Semp Toshiba chegou a ficar fora do mercado de LCD no ano passado, para voltar, com preços agressivos, somente este ano.

 

"Em novembro ou dezembro, as vendas de LCD vão ultrapassar as de televisores de tubo", acredita Ivair Rodrigues, diretor de Estudos de Mercado da IT Data. No primeiro trimestre deste ano, as vendas de LCD subiram 70%, quando comparadas com o mesmo período de 2008, chegando a 700 mil unidades, enquanto as vendas de aparelhos de tubo caíram 35%, para 1,3 milhão de unidades. As vendas de plasma subiram 25%, para 90 mil unidades.

 

As fabricantes brasileiras perderam competitividade na transição tecnológica. Diferentemente dos tubos de raios catódicos, não existe fabricação local de telas de LCD ou plasma. A escala tem de ser muito grande para justificar uma unidade fabril nessas tecnologias. Empresas como a LG e a Samsung levam vantagem nesse cenário, pois possuem fabricação própria de componentes, com fábricas de telas fora do País. "O televisor, como produto, foi desvalorizado", afirmou o representante de um fabricante, que preferiu não se identificar. "As margens estão muito baixas."

 

MUDANÇA RÁPIDA

 

Há 10 anos, segundo um estudo do CPqD, cinco empresas de capital nacional - CCE, Gradiente, Philco, Sharp e Semp Toshiba - tinham pouco mais da metade do mercado. De lá para cá, a Philco foi vendida para a Gradiente, que saiu do mercado, assim como a Sharp. Com a CCE concentrada nos televisores de tubo, a Semp Toshiba é a única entre as nacionais a brigar por esse mercado que está em expansão.

 

Noventa e cinco por cento dos lares brasileiros já possuem televisor. Por causa disso, esse é um mercado principalmente de reposição. "As pessoas já não dão o mesmo valor à televisão", disse o executivo. "Muitos preferem comprar um celular ou um computador em vez de trocar a televisão." Segundo os números da IT Data, as vendas totais de televisores caíram cerca de 15% no primeiro trimestre, para 2,09 milhões de unidades.

 

O tubo está presente no televisor desde a sua criação e, antes da digitalização, a grande mudança tecnológica havia sido a TV em cores, que chegou ao Brasil há 37 anos.

 

Com a convergência tecnológica, a televisão deve se tornar cada vez mais simplesmente uma tela, que pode ser conectada à internet, ao computador, ao videogame e até ao celular. A digitalização trouxe a mudança tecnológica rápida dos computadores para o mundo da TV. E novas tecnologias, como o Oled (diodo orgânico emissor de luz) e o laser, devem mudar ainda mais o mercado.

 

Veículo: O Estado de S. Paulo


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