O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou uma queda no desemprego para 8,1% em junho, contra 8,8% em maio. O índice é menor do que o previsto pelos analistas e surpreendeu. Ninguém precisa ser especialista para notar que há uma tendência irreversível de melhora econômica. A construção civil puxa as vendas no setor, impulsionadas pelas facilidades de crédito para construir ou reformar moradias. No entanto, incomoda quando organismos internacionais, que falharam grotescamente ao não prognosticarem sinal de perigo à vista na economia globalizada, apontarem seus dedos sujos de erros para o Brasil e dizerem que não vamos crescer ou cresceremos muito pouco.
Ora, quem confia nas agências de risco, dois anos decorridos da crise no setor das hipotecas imobiliárias dos Estados Unidos (EUA) e após a falência do Lehman Brothers, há quase um ano? Quem previu? Quem criou uma ridícula, velha e surrada pirâmide financeira, mas ainda eficiente, contra os incautos e também gulosos aplicadores, que lesou centenas em quase US$ 70 bilhões, senão um ex-líder do Índice Nasdaq, no coração de Wall Street? Bernard Madoff passará o resto de sua vida em um xilindró. Porém, atravessamos o Rubicão e, feito um César redivivo, Henrique Meirelles brada ao Brasil e ao mundo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 5% em 2010.
Com certeza muito mais desejo do que uma afirmação baseada em dados concretos. Se for um desejo, ele é compartilhado por todos os segmentos sociais, quando a arrecadação federal, a gaúcha e a municipal de Porto Alegre caíram bastante no primeiro semestre. Mas esses são levantamentos “velhos”, de abril e maio, segundo afirmam os homens do presidente na área econômico-financeira. Tanto é verdade que há uma recuperação em marcha que foi registrada alta de 6,7% em maio em relação ao mesmo mês do ano passado nas vendas dos supermercados. Produtos alimentícios, bebidas e fumo foram responsáveis por 78% da alta de 4% nas vendas do comércio varejista no mesmo período. Em relação a abril, o varejo viu suas vendas crescerem 0,8%, acumulando no ano mais 4,4%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística também aponta que as vendas dos supermercados são um exemplo da influência do aumento da massa salarial e o comportamento dos preços. Esse setor do varejo, que tem maior peso na pesquisa mensal de comércio, registrou vendas maiores em 0,1% em maio ante abril e acumula, no ano, aumento de 6,5%. Já as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 6,3% em maio ante igual mês do ano passado, apesar da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os produtos de linha branca.
É o reflexo da restrição de crédito e cautela dos consumidores, ainda segundo o IBGE. Em relação a abril, as vendas de móveis e eletrodomésticos subiram 0,1%, revertendo as quedas contra o mês anterior apuradas em março (-2,4%) e abril (-2,0%). No ano, as vendas dessa atividade já acumulam queda de 2,6% mas, em 12 meses, o resultado ainda é positivo (6,3%). Não se trata de uma retomada exuberante, porém, sempre uma retomada. A projeção é a de que melhores dias começaram. O fato é que o consumo deve continuar puxando a recuperação da economia brasileira. A redução da taxa real de juros é um dos fatores que têm impulsionado as vendas varejistas no País. As vendas do comércio varejista ampliado, incluindo veículos e motos e materiais de construção, subiram 3,7% em maio sobre abril e aumentaram 3,3% ante maio do ano passado. Dias melhores chegaram.
Veículo: Jornal do Comércio - RS