Vendas sobem até agosto e varejo eleva previsões

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Conjuntura: Renda e crédito fazem setor esperar 2º semestre melhor

A melhora na oferta de crédito à pessoa física, a redução dos juros e a prorrogação do IPI reduzido sobre automóveis, materiais de construção e alguns itens da linha branca permitiram ao setor varejista apresentar aceleração no ritmo de expansão das vendas entre julho e agosto. Os grupos Pão de Açúcar (CBD), Lojas Cem, Lojas Colombo, Dicico, Planet Girls, Le Biscuit e MM Mercadomóveis, que encerraram o primeiro semestre com crescimento em relação ao ano passado de 2% a 19%, investem na abertura de lojas e reforçam estoques. O objetivo é expandir as vendas entre 5% e 25% no segundo semestre.

 

A Lojas Cem, que possui 178 lojas nos Estados de São Paulo, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, registrou em julho 5% de crescimento nas vendas em relação a junho. Em comparação com o mesmo intervalo do ano passado, o aumento foi de 12,5%. No primeiro semestre, as vendas haviam crescido 7,5% e a expectativa para o segundo semestre é crescer 10%.

 

De acordo com o supervisor geral da rede, Domingos Alves, a Lojas Cem planeja abrir quatro lojas nos Estados de São Paulo e Minas Gerais e contratar para tais unidades 140 pessoas. "O desemprego diminuiu e o IPI reduzido foi prorrogado, esses fatores devem ajudar na aceleração das vendas", afirmou. A retomada do crédito à pessoa física também favoreceu a expansão mais forte nas vendas, disse. Em junho, segundo dados do Banco Central, a concessão de crédito à pessoa física cresceu 1,5%, com expansão de 1,6% nas operações com cheque especial e crédito pessoal, 0,4% nas operações com cartão de crédito, 3,6% no financiamento imobiliário e 2% nas operações para aquisição de veículos.

 

O Grupo Pão de Açúcar, que encerrou o segundo trimestre com crescimento de 154,9% no lucro líquido (R$ 131,7 milhões) e de 18,1% nas vendas líquidas (R$ 5 bilhões) - excluindo resultados do Ponto Frio - também prevê expansão mais forte do consumo no país neste semestre. "A queda na taxa de juros, a isenção do IPI para algumas linhas, o aumento da oferta de crédito, tudo isso favoreceu o desempenho do comércio. Mas a melhora da renda e do emprego e a inflação mais baixa proporcionaram um aumento da renda disponível para o consumo e a continuidade da expansão das classes C e B. Isso foi decisivo para a reaceleração do varejo", afirmou o vice-presidente-executivo do grupo, José Roberto Tambasco. Para o ano, o grupo planeja abrir 97 lojas com diferentes bandeiras.

 
 
A Lojas Colombo vivenciou uma fase de "euforia" em maio e junho, provocada pela redução do IPI sobre a linha branca, e fechou o semestre com alta de 4,8% na receita bruta em comparação com o mesmo período de 2008. Em julho, as vendas cresceram menos, 2,3% e, apesar dos sinais de "melhoria" em agosto, a rede prepara um pacote de promoções a partir de setembro para dar novo fôlego aos negócios, disse o diretor-presidente Adelino Colombo. O plano é cumprir a meta de crescimento de 10% na receita bruta do ano em comparação com o faturamento consolidado de R$ 1,273 bilhão de 2008.

 

Segundo o empresário, a empresa está negociando com os fornecedores para oferecer descontos em algumas linhas, principalmente as que vêm apresentando vendas mais fracas, como fogões e móveis. A taxa de juros também será reduzida em meio ponto percentual, ante a média atual de 3,86% ao mês, e a rede vai ainda aumentar os investimentos em publicidade. Conforme Colombo, o fornecimento de refrigeradores pela indústria já está voltando à normalidade depois das dificuldades provocadas pelo salto na demanda, logo após a queda do IPI. Com 75% da rede de 360 lojas localizadas nos três Estados do Sul, a empresa enfrenta problemas para acompanhar a procura por lavadoras durante o inverno. "As vendas estão 30% maiores do que no inverno passado", disse o empresário.

 

No segmento de televisores, o lançamento de modelos mais sofisticados e caros está começando a segurar um pouco a procura depois da forte queda dos preços nos últimos 12 meses, acrescentou Colombo. Já os produtos de informática, sobretudo computadores portáteis, que perderam espaço para a linha de imagem com a alta do dólar no fim do ano passado, estão se recuperando e devem superar as vendas de televisores até o fim do ano, acredita o empresário.

 

Na MM Mercadomóveis, que tem 120 lojas no Paraná e em Santa Catarina, as vendas que mais cresceram foram as de celulares (que representam entre 10% e 15% das vendas totais da rede) e de linha branca, por causa do IPI reduzido. "O segmento tinha participação de 18% nas vendas da empresa, chegou a 23% e, agora, tem cerca de 20%", afirmou o superintendente da rede, Marcio Pauliki. A MM Mercadomóveis registrou crescimento de até 10% nas vendas das lojas em julho, em comparação a julho do ano passado. Na média, o crescimento foi de 2%. Para o segundo semestre, a expectativa é crescer 5%. A empresa não alterou o volume de estoques e deve começar as compras para o Natal em setembro, como em anos anteriores. "Não vejo necessidade de antecipar ou adiar algo", disse Pauliki.

 

No setor de materiais de construção, as medidas anticíclicas também provocaram efeitos sobre as vendas do varejo. A rede Dicico, que possui 41 lojas no Estado de São Paulo, pretende inaugurar neste semestre cinco lojas, uma delas em Mogi Guaçu, ainda em agosto. "Estamos prevendo um crescimento mais forte no segundo semestre", afirma o diretor de marketing da rede, Cláudio Fortuna. No primeiro semestre, a rede registrou crescimento de 5,5% nas vendas em comparação com igual intervalo de 2008. Em julho, houve expansão de 6,7%. Para o segundo semestre, segundo Fortuna, a previsão é crescer 22%.

 

No setor de vestuário e cosméticos, a rede Planet Girls também trabalha com cenário de expansão mais forte neste semestre. A empresa, que atua com moda feminina jovem e possui 50 lojas próprias e 23 franqueadas pelo país, inaugurou cinco lojas no primeiro semestre e planeja abrir pelo menos mais oito na segunda metade do ano, afirmou a diretora comercial, Luciane Consoli. Segundo a diretora, além da abertura de lojas, deve contribuir para o crescimento a aposta na área cosmética (a empresa lançou em junho marca de cosmético que leva o nome da rede e será vendida nas lojas próprias e em outras lojas de departamentos e farmácias). No primeiro semestre, a Planet Girls registrou crescimento de 15% nas vendas do primeiro semestre e espera para o segundo semestre uma expansão maior, de 22% a 25%.

 

Na Bahia, a Le Biscuit fechou o primeiro semestre com crescimento de 19% nas vendas (6% considerando apenas as lojas já existentes em 2008) e em julho manteve esse resultado, segundo o presidente da empresa, Álvaro Sant'Anna Neto. Para o segundo semestre, a empresa já reforçou as encomendas e os estoques com a meta de crescer 10% (mesmas lojas do ano passado) e 25% no total de lojas. No primeiro semestre, a rede abriu duas lojas e planeja abrir mais uma unidade na Bahia e outra em Sergipe. "No ano passado, a crise de confiança acabou afetando as vendas de Natal e a empresa teve que fazer diversas promoções no começo do ano para se desfazer dos estoques. Mas agora trabalhamos com um cenário mais conservador", afirmou Sant'Anna. Por conta da expansão do varejo acima do previsto no primeiro semestre, a LCA Consultores e a GS&MD Gouvêa de Souza revisaram a projeção de crescimento do varejo para 2009, de 4% para 4,5%. No primeiro semestre, o varejo cresceu 4,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 

 

Veículo: Valor Econômico


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