Os juros médios dos empréstimos bancários diminuíram de 36,6% para 36% anuais entre junho e julho, na oitava queda mensal seguida.
As taxas mais baixas se devem à queda dos juros básicos da economia e ao corte das margens dos bancos, que haviam aumentado fortemente em virtude da crise financeira.
Mesmo com as seguidas reduções nos juros, tanto os juros quanto os spreads bancários ainda se encontram em patamar superior ao vigente antes da crise. Em dezembro de 2007, a taxa média cobrada pelos bancos estava em 33,8% ao ano.
Da queda de 0,6 ponto percentual (pp.) nos juros bancários entre junho e julho, 0,4 pp. se explica pela redução do spread bancário, que passou de 27,2 pp. para 26,8 pp. no período. O spread em dezembro de 2007 estava em 22,3 pp. O resto da queda das juros, de 0,2 pp., deve-se à redução dos custos médios de captação dos bancos, que passaram de 9,4% para 9,2% no período.
A queda nos juros foi especialmente pronunciada nas operações contratadas com empresas, cujas taxas passaram de 27,4% para 26,7% ao ano entre junho e julho. A maior parte dessa queda, ou 0,4 pp, se deve à redução nos custos de captação dos bancos, que caiu de 9,2% para 8,8% entre junho e julho. O spread nas operações com empresas recuou de 18,2 pp para 17,9 pp. Todas essas taxas se referem ao crédito livre. Não há estatística disponível sobre os custos do crédito direcionado, como operações do BNDES, que têm juros tabelados e subsidiados pelo governo. Os juros nas operações às empresas ainda estão bem acima dos 22,9% ao ano vigentes em dezembro de 2007, antes de o Brasil sofrer os primeiros efeitos da crise.
Nos empréstimos com pessoas físicas, as taxas médias recuaram de 45,6% para 44,9% ao ano entre junho e julho. A maior parte da redução, ou 0,6 pp., se deve à redução dos spreads, que passaram de 35,8 pp. para 35,2 pp. no período. O custo de captação dos bancos encolheu de 9,8% para 9,7% ao ano no período.
O cheque especial foi a única entre as linhas para pessoas físicas que teve aumento de juros. A taxa passou de 167% para 167,3% entre junho e julho. "Quem tem oportunidade está migrando para o crédito consignado, com juros mais baixos", afirma o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. "Quem permanece no cheque especial são as pessoas com mais dificuldades de quitar as suas contas, daí o aumento das taxas de juros." De junho para julho, diminuiu o volume de crédito contratado no cheque especial, de R$ 17,876 bilhões para R$ 17,190 bilhões.
Veículo: Valor Econômico