Após um semestre consecutivo com valores deflacionários, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) voltou a ficar positivo em setembro, com alta de 0,42%, valor obtido pela alta nos três indicadores que compõe o índice, principalmente o Índice de Preços por Atacado (IPA). Um mês antes, o IGP-M registrou baixa de 0,36%. Os dados são da Fundação Getulio Vargas (FGV), que explica, em comunicado, a existência de um crescimento no ritmo de alta nos preços do atacado ao mesmo tempo que os custos da construção verificaram acréscimo mais marcado.
A mudança no cenário já era esperada pelo mercado financeiro. Analistas consultados pelo Banco Central (BC) no último Boletim Focus fizeram a projeção de inflação em 0,40% para este mês e de 0,34% para outubro deste ano, enquanto a expectativa para o acumulado de 12 meses do índice avançou para 4,21%, ante aos 4,07% apresentados na semana passada pela instituição.
O Índice de Preços por Atacado (IPA) apresentou taxa de variação de 0,53%. No mês anterior, a taxa havia sido de retração em 0,61%. O índice relativo aos Bens Finais variou 1,11%, em setembro, ante a queda de 0,46% de agosto. Contribuiu para a aceleração o subgrupo alimentos processados, cuja taxa de variação passou de -1,59% para 2,29%. Excluindo-se os subgrupos alimentos in natura e combustíveis, o índice de Bens Finais (ex) registrou variação de 0,70%, contra os -0,70% do mês passado.
O índice referente ao grupo Bens Intermediários variou 0,78%, tendo o subgrupo materiais e componentes para a manufatura a maior participação ao passar de -0,15% para 1,30. No estágio inicial da produção, o índice de Matérias-Primas Brutas variou -0,73%, em setembro. No mês anterior, o índice registrou variação de -1,94%, motivado pelos itens: soja (-3,95% para 0,40%), minério de ferro (-11,74% para -1,99%) e laranja (-9,29% para 12,66%).
Segundo o professor da Trevisan Escola de Negócios, Antônio Colângelo Luz, o crescimento do IGP-M foi motivado principalmente pelo IPA, que com a queda das safras, pelas mudanças climáticas, elevou o preço dos itens agropecuários. "Isso me parece uma alta sazonal, como estamos no período de chuvas, basicamente produtos alimentícios apresentam o crescimento, açúcar, laranja, batata. No próximo mês contudo o IGP-M deve manter a alta, com 0,35%, pois os preços ao consumidor devem repassar essa elevação dos preços ao atacado", explicou.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do IGP-M apresentou variação de 0,28%, em setembro. No mês anterior, a variação foi de 0,16%. Quatro das sete classes de despesa componentes do índice apresentaram acréscimos em suas taxas de variação. A principal contribuição no sentido ascendente partiu do grupo Alimentação (0,00% para 0,57%). Encontram-se também em aceleração os grupos: Despesas Diversas (-0,10% para 0,50%), Educação (-0,08% para -0,04%) e Vestuário (-0,48% para -0,47%). Em contrapartida, registraram decréscimos em suas taxas de variação os grupos: Transportes (0,31% para 0,13%), Habitação (0,47% para 0,33%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,06% para 0,03%).
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) que corresponde a 10% do IGP-M registrou, em setembro, variação de 0,07% acima do resultado do mês anterior, de 0,01%. Dois dos três grupos componentes apresentaram acréscimos: Materiais e Equipamentos, de -0,39% para -0,02% e Serviços, de 0,31% para 0,38%. O grupo Mão de Obra apresentou variação de 0,08%. No mês anterior, a taxa foi de 0,30%.
Colângelo ainda frisou que se o governo não prolongar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos, carros e material de construção, o IGP-M poderá ser mais pressionado.
"Temos a expectativa de pequenas elevações no IGP-M com a retirada do benefício do IPI, mas nada que inverta o sentido de queda constante no acumulado do ano. Terminaremos 2009 aproximadamente equilibrados, e no próximo mês o acumulado de 12 meses deve ficar positivo em 0,15%", concluiu.
Veículo: DCI