Dados da Confederação Nacional da Indústria mostram em agosto crescimento de 0,7% na comparação com julho Fabio Graner, BRASÍLIA Na esteira da recuperação da atividade econômica, o emprego na indústria subiu 0,7% em agosto, na comparação com julho, de acordo com dados divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foi a primeira vez, desde outubro de 2008, que houve alta no emprego industrial. Outro indicador que confirma o quadro de recuperação da indústria foi o índice de utilização da capacidade instalada. Esse indicador mede quanto do parque produtivo está sendo utilizado para fabricação de bens. Em agosto, já com os ajustes sazonais - que eliminam os efeitos típicos de cada período -, o índice chegou a 80,1%. Foi a segunda alta consecutiva. Em julho, estava em 79,9%. O gerente executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castello Branco, afirmou que o principal destaque foi a alta no emprego. Segundo ele, os sinais são de que o ajuste no mercado de trabalho acabou e que se iniciou um novo ciclo de elevação do emprego, acompanhando a retomada da indústria. Mas o economista disse que ainda não é possível prever duração nem intensidade desse novo ciclo. Os dados da CNI ainda mostram queda em relação aos níveis atingidos no ano passado. Castello Branco avalia que ainda é cedo para se prever quando os indicadores voltarão ao nível pré-crise, mas acredita que, no quarto trimestre, o desempenho do setor industrial será mais intenso. O mês de agosto mostrou uma situação inusitada para a CNI. A entidade esperava que as horas trabalhadas na indústria cresceriam, puxando o emprego em seguida. Mas o que ocorreu foi uma alta do emprego e uma queda de 0,2% nas horas trabalhadas. "Há de fato um descompasso entre emprego e horas trabalhados, mas que a gente não consegue explicar", afirmou Castello Branco. Também reforçou o cenário de aceleração da indústria a alta de 1% no faturamento real do segmento. "Os indicadores de agosto mostram o fortalecimento da recuperação da atividade industrial. Os índices dessazonalizados de faturamento real e utilização da capacidade instalada mantiveram crescimento em agosto frente a julho", ressaltou a CNI, em documento. Diante da gradual recuperação do uso do parque produtivo, Castello Branco comentou que ainda não há no horizonte preocupação com possível risco inflacionário, que viria de uma demanda maior do que a capacidade produtiva. "O risco é muito pequeno. Não devemos nos preocupar com o grau de utilização agora", disse. Veículo: O Estado de S. Paulo