A desvalorização do dólar frente ao real elevou as importações brasileiras em 1,8% na comparação entre setembro e outubro deste ano. De acordo com o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento (Mdic), Welber Barral "as compras do exterior deverão continuar em alta no fim deste ano por conta do dólar desvalorizado".
Ontem a moeda norte-americana fechou ao redor de R$ 1,74. No fim do ano passado, durante a crise financeira, o dólar chegou a oscilar em torno de R$ 2,16, uma queda de 19,21%.
Os dados do Mdic para a balança comercial do mês de outubro mostram que as importações atingiram US$ 12.754 bilhões, com média diária de US$ 607,3 milhões, maior valor apresentado durante o ano.
As exportações no mesmo período marcaram US$ US$ 14,082 bilhões (média de US$ 670,6 milhões), resultado 1,6% acima da média de setembro passado (US$ 660,1 milhões) e 20,3% abaixo das vendas externas no mesmo período de 2008.
Analistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostram um quadro "menos ruim" para as exportações de manufaturados, que deve estar associado à recuperação da atividade econômica e, assim, das importações, nos Estados Unidos e nos nossos parceiros latino-americanos, que são os principais compradores desses bens. As vendas externas de manufaturados por dia útil cresceram expressivos 5,1% contra setembro, acelerando frente aos resultados dos meses anteriores 4,1% e 2,1%, em agosto e setembro, respectivamente.
"Com a recuperação das vendas de manufaturados, essa classe de produto se manteve na posição de principal grupo de produto na pauta exportadora brasileira, retomada em setembro. Manufaturados respondem por 44% do total, contra 39% dos básicos e 15% dos semimanufaturados", aponta a análise do Iedi. O décimo mês de 2009 fechou com saldo comercial positivo de US$ 1,328 bilhão e média diária de US$ 63,2 milhões. O valor foi 0,1% menor que o registrado em setembro último e 4,7% maior que o valor de outubro de 2008.
O secretário frisou que o Brasil terá nos últimos meses deste ano superávits neste patamar (pouco acima de US$ 1 bilhão, registrado nos dois últimos meses).
A corrente de comércio alcançou, pelo crescimento das importações, o recorde do ano com US$ 26,836 bilhões.
Segundo o professor do Mackenzie, Francisco Américo Cassano, as exportações voltaram a subir pela safra da soja e a demanda dos países asiáticos, como a China, pelo produto.
"Para novembro podemos visualizar um novo aumento ou a estabilização das vendas externas caso haja estoque dos grãos, já para dezembro não temos expectativas pois há menos dias úteis", relatou o professor.
Barral afirmou que o que vai ditar uma eventual melhora dos saldos da balança comercial é a recuperação das economias que compram produtos brasileiros. "A grande questão é qual é o ritmo de recuperação dos principais mercados", disse ele, ao acrescentar que, em sua visão, a situação poderia "estar pior".
No acumulado do ano o superávit comercial chegou a US$ 22,599 bilhões . O resultado é 9,1% maior que o registrado no mesmo período de 2008. Na comparação por valores totais, o superávit deste ano está 7,5% acima do verificado no mesmo período de 2008.
As exportações do ano chegam a US$ 125,879 bilhões (média de US$ 605,2 milhões) e as importações a US$ 103,280 bilhões, com uma corrente de comércio de US$ 229,159 bilhões. Ano passado, no mesmo período, as exportações haviam sido de US$ 169,371 bilhões e as importações de US$ 148,356 bilhões, somando uma corrente de comércio de US$ 317,727 bilhões .
Na comparação pelo resultado médio diário, a corrente de comércio teve queda de 26,8%, resultado da diminuição das exportações e importações deste ano. Na comparação entre os dez primeiros meses de 2009 com o mesmo período de 2008, as vendas para o mercado externo diminuíram 24,6%, enquanto as compras brasileiras de outros países tiveram redução de 29,4%.
"Nos meses de setembro e outubro, houve uma tendência de elevação natural [das importações] por conta de compras do Natal. Em novembro e dezembro, por outro lado vão ter crescimentos nas compras de insumos por causa do câmbio. Seguramente, isso deve continuar nos próximos meses", declarou Barral.
Veículo: DCI