Marca própria cresce até entre eletroeletrônicos

Leia em 4min 30s

Pesquisa realizada em redes de supermercados mostra 85% de crescimento na oferta de eletroeletrônicos, que são geralmente mais baratos. Consumidor deve ficar de olho na qualidade dos produtos e também na assistência técnica

 

A variedade de produtos eletroeletrônicos de marca própria foi a que mais cresceu nos supermercados brasileiros, de acordo com pesquisa da Nielsen. A oferta de computadores, acessórios e aparelhos de TV e som aumentou 85,5% em 2009, na comparação com o ano anterior. Hoje são 1.122 produtos eletroeletrônicos de marca própria disponíveis nas redes supermercadistas.

 

Para o consumidor, isso significa mais opções de produtos baratos porque em geral as marcas próprias trazem preços 20% menores que as marcas líderes. Graças ao dólar barato e aos produtos chineses, esse benefício pode ser ainda maior para os eletroeletrônicos. “Quando falamos de eletroeletrônicos, a maior parte dos produtos é importada”, diz Neide Montesano, presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias (Abmapro).

 

Por isso, é preciso ficar atento à qualidade dos produtos e também aos serviços de assistência técnica. “Não se justifica oferecer produtos eletroeletrônicos sem assistência técnica”, diz Roberto Nascimento, professor do curso de gestão estratégica de marcas próprias da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

 

Segundo ele, a qualidade dos produtos em geral é boa, já que um deslize na marca própria pode manchar a reputação da rede varejista. “O varejo garante a qualidade do produto que está associado à sua própria marca. Além disso, ele busca qualidade para fazer com que o cliente volte à sua loja para comprar seus produtos exclusivos.”

 

O crescimento dos eletroeletrônicos também está ligado à renda da população, de acordo com Flávia Ghisi, professora de gestão de marca do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA). “As pessoas estão com uma melhor condição econômica e aprenderam a comprar produtos de marcas próprias”, afirma.

 

Além dos eletroeletrônicos, as redes de supermercado também ampliaram a oferta de têxteis. A variedade de roupas e produtos de cama, mesa e banho cresceu 48% em 2009 ante o ano passado, segundo a Nielsen. Assim como no caso dos eletroeletrônicos, a estratégia é aumentar as margens de lucro, ofertando produtos de maior valor agregado. “O varejo procura produtos únicos que tragam vantagem competitiva”, diz Nascimento.

 

A vantagem competitiva, no caso das roupas, é atrair os consumidores com produtos de design próprio. “Queremos mostrar que o cliente não encontra só alimento de marca própria, mas também pode se vestir em nossas lojas”, diz Sidnei Fernandes Abreu, diretor da área têxtil do Grupo Pão de Açúcar.

 

A rede de supermercados investiu na reformulação das marcas próprias de vestuário e cama, mesa e banho em meados do ano passado. Montou uma área de design de moda para as marcas Cast, Boomy e Bambini e já colhe os frutos do investimento. “Lançamos a nossa linha primavera-verão agora em setembro, desenhada pela nossa área de desenvolvimento”, diz Abreu. Com mais variedade, a venda de têxteis vem crescendo a taxas de dois dígitos na rede. Só em outubro, o faturamento do grupo com esses produtos de marcas próprias cresceu 21,9% em relação ao mesmo mês do ano passado.

 

A rede de supermercados Carrefour também oferece entre os produtos de marca própria eletroeletrônicos e têxteis. No ano passado a First Line, marca própria para produtos de informática, e a Home, marca de eletrodomésticos também exclusiva, responderam por 6% do faturamento da rede. O grupo também tem marcas nas categorias alimentar, automotiva, vestuário, cama, mesa e banho, utilidades domésticas, decoração, animais de estimação e bebidas.

 

De acordo com a Nielsen, 49,3% da população brasileira, o equivalente a 18,3 milhões de compradores, adquiriu produtos de marca própria no primeiro semestre de 2009. O faturamento das redes de supermercados com esses produtos chegou a R$ 158,5 bilhões em 2009, resultado 7% maior que o registrado no ano passado.

 

Para Neide, da Abmapro, o brasileiro aprendeu a comprar marcas próprias em mais de 20 anos de história desses produtos nos supermercados. “O crescimento das marcas próprias prova que o consumidor busca a relação custo-benefício”, diz.

 

VANTAGENS E DESVANTAGENS

 

PREÇO
Os produtos de marca própria custam cerca de 20% a menos que os líderes de mercado

 

VARIEDADE
As marcas próprias trazem mais opções de compra e de comparação entre produtos. Isso acirra a concorrência e diminui preços

 

EXCLUSIVIDADE
Na tentativa de fidelizar os consumidores, as redes varejistas investem em produtos diferenciados que tragam o cliente de volta

 

QUALIDADE
Embora a maior parte das marcas tenha uma boa relação custo-benefício, ainda há produtos com qualidade questionável

 

ACESSO E ASSISTÊNCIA
Os pontos de venda são restritos às lojas que detêm a marca. A rede de assistência técnica pode ser menor, no caso de eletrônicos

 

CONFUSÃO
A grande variedade de marcas faz com que a escolha dos produtos tome mais tempo do cliente

 

Veículo: Jornal da Tarde - SP


Veja também

Gigante asiática mira o mercado brasileiro

Papel: Com fábricas na China e Indonésia, grupo APP planeja triplicar embarques ao país entre 2007 ...

Veja mais
Mais de dois potes

A fabricante de utensílios de plástico Sanremo incrementou seu portfólio. Só este ano pulou ...

Veja mais
Dólar baixo valoriza o seu dinheiro neste Natal

A moeda norte-americana em baixa deixou o consumidor com maior poder de compra no fim do ano, já que vário...

Veja mais
Câmbio faz exportação de café recuar para US$ 4,4 bi

Apesar dos volumes recordes das exportações brasileiras de café verde em 2009, estimado em 30 milh&...

Veja mais
Assai e Ford fazem campanha promocional de fim de ano

Bandeira especializada em atacado/varejo (atacarejo) do Grupo Pão de Açúcar, a rede Assai traz a ca...

Veja mais
Drogasil supera metas e planeja abrir 40 lojas

As grandes redes de farmácias passaram ao largo da crise econômica, que pareceu até favorecer o segm...

Veja mais
Bimbo mira linha de panetone e amplia presença no Natal

Segunda maior fabricante de panetones do Brasil, a Bimbo amplia sua atuação para o Natal deste ano, trazen...

Veja mais
Nestlé disputa com gigantes do setor controle da Cadbury

A Nestlé estuda uma oferta pela Cadbury para cobrir a oferta de 9,9 bilhões de libras da Kraft Foods Inc. ...

Veja mais
Mabe investirá mais R$ 130 mi no País para aproveitar retomada

De olho nas boas perspectivas de crescimento para o Brasil em 2010, a empresa de eletrodomésticos Mabe planeja in...

Veja mais