Em função dos efeitos da crise econômica, o setor enfrentou dificuldades em 2009.
A venda de equipamentos de informática mantiveram-se estáveis neste ano, uma das poucas exceções do setor de eletroeletrônicos.
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) projeta crescimento de 11% no faturamento de 2010 ante este ano, anunciou ontem seu presidente, o empresário Humberto Barbato. Para ele, 2010 será o momento da recuperação do setor, que viu as receitas caírem 9% neste ano, ao faturar R$ 112,2 bilhões, de acordo com dados preliminares da entidade. "No próximo ano, efetivamente vamos deixar para trás a crise internacional", afirmou.
O crescimento para 2010 pretende repetir os 10% obtidos em 2008. Para alcançar esse objetivo, o setor vai investir 4% do faturamento previsto, de R$ 124,9 bilhões, na modernização do parque. "É um percentual expressivo, já que a média nacional fica na casa dos 3%", disse Barbato.
Uma das esperanças do setor para aumentar o faturamento é a exploração do pré-sal. De acordo com o diretor de automação da Abinee, Nelson Ninin, o setor pleiteia ao governo federal que, dos R$ 175 bilhões a serem investidos na extração do petróleo nas novas bacias, pelo menos 10% sejam direcionados para a compra de produtos eletroeletrônicos nacionais. "Temos condições de atender essa demanda para os próximos cinco anos", observou o diretor.
Perdas e ganhos – Entre os setores da Abinee, o que espera maior crescimento no próximo ano é o de telecomunicações – a previsão é de um aumento de 21% nos negócios.
Se a estimativa se concretizar, o faturamento passará dos R$ 17,4 bilhões obtidos neste ano para R$ 21,1 bilhões em 2010, recuperando parte do terreno perdido em função da crise econômica internacional – houve uma forte queda nas vendas e na produção de celulares no primeiro semestre. Assim, 2009 deverá fechar com uma queda de 6% nas vendas internas desses equipamentos e de 32% nas exportações.
Considerando-se somente o número de aparelhos produzidos, a queda deve ficar em aproximadamente 15%.
Em 2009, das áreas pesquisadas pela Abinee, somente a de informática e de material elétrico de instalação mantiveram o mesmo nível de faturamento neste ano. A Abinee considera que esses segmentos foram beneficiados pelas medidas anticrise do governo, como a redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca, o programa Luz para todos e a construção de casas populares.
As demais áreas registraram quedas expressivas: componentes elétricos e eletrônicos (-9%); telecomunicações (-19%); e utilidades domésticas, equipamentos industriais e geração, transmissão e distribuição de energia (-12%).
Lá fora -As exportações dos associados da Abinee caíram 27%, passando de US$ 9,8 bilhões em 2008 para US$ 7,2 bilhões neste ano. Já as importações também tiveram um recuo de 25% – foram de US$ 32 bilhões em 2008 para US$ 24 bilhões neste ano.
"No próximo ano, o comércio exterior deve se manter estável, se persistir a valorização cambial que reduz a competitividade dos produtos brasileiros no exterior", afirmou o presidente da Abinee.
O emprego no setor caiu pouco em 2009, segundo os dados preliminares da Abinee, passando de 161,9 mil vagas para 160 mil.
Para o próximo ano, entretanto, o número de empregados deverá chegar a 163 mil, recuperação de 2%. De acordo com a Associação, a pequena variação no número de empregados indica que as empresas do setor preferiram manter seus colaboradores, apesar das dificuldades enfrentadas.
Veículo: Diário do Comércio - SP