A Renar Maçãs vai incorporar a Pomifrai Fruticultura, empresa que é sua vizinha em Fraiburgo (SC) e que já fez parte do mesmo grupo no passado. Juntas, as duas terão capacidade para processar e comercializar cerca de 100 mil toneladas de maçãs por ano e passarão a ocupar a terceira posição no ranking, atrás da Fischer e da Schio. A operação envolve troca de ações entre as empresas e a intenção é reduzir custos na atuação conjunta de compra de insumos e ganhar visibilidade na área comercial no Brasil e no exterior.
A Renar produz 30 mil toneladas de maçãs por ano e, como compra de terceiros, vende 60 mil toneladas, sendo 15% com exportação. Ela possui 2,8 mil hectares de terra e produz fruta em 900 hectares. A Pomifrai produz 40 mil toneladas e exporta 10%, em especial na Europa e na Ásia. Sua área é de 3,3 mil hectares, sendo 1,1 mil hectares usados no plantio de maçãs. A negociação entre elas começou há três semanas e foi fechada ontem em um escritório de advocacia de Curitiba. Elas passam a responder por cerca de 10% do mercado de maçãs do país, cuja produção é estimada em 1 milhão de toneladas anuais.
Roberto Frey, diretor presidente da Renar, contou que a Pomifrai já pertenceu ao grupo e houve uma cisão na década de 70. Agora, a Renar vai emitir 30 milhões em ações ordinárias, que serão trocadas pelas ações dos sócios da Pomifrai. Foi a segunda operação com ações anunciada pela Renar no ano. Em agosto ela aumentou o capital em R$ 20 milhões, por meio da emissão de 40 milhões de ações, e o fundo de participações Endurance Partners Capital entrou na companhia e passou a dividir o comando ao lado dos acionistas que representam a família fundadora. Foi a solução encontrada para reduzir o endividamento da empresa, que estava estimado em R$ 40 milhões.
Com a conclusão do novo negócio, os acionistas da Pomifrai passarão a deter 27% do capital da Renar Maçãs, passando a integrar o bloco de controle junto com os Frey e a Endurance. A gestão da Pomifrai já estava profissionalizada e Saverio Castellan Neto, que ocupa a presidência há um ano, deve continuar no cargo, porque de início as operações continuarão separadas. Frey explicou que 12 milhões das ações que serão emitidas serão vinculadas ao acordo de acionistas da Renar e o restante ficará livre para negociação na Bovespa. A ação da Renar, que foi para o mercado em 2005, vale R$ 1. A empresa esperar faturar R$ 40 milhões em 2009 e o faturamento da Pomifrai foi de R$ 36 milhões em 2008. "As empresas em geral são parecidas", disse Castellan Neto.
Além de trabalhar com maçã in natura, a Renar, pioneira no plantio da fruta no Brasil, produz recheio da torta do McDonald´s e faz desidratação da fruta para uso em barras de cereais. No momento ela está testando a venda de maçã lavada, cortada e embalada, pronta para o consumo. A Pomifrai possui indústria de desidratação de maçã e banana e faz farinha de frutas para o segmento fitoterápico. Frey adiantou que a Renar tem interesse em analisar outras oportunidades no mercado na área de fruticultura. A entrada do Endurance Partners Capital na Renar tem sido avaliada pela empresa como importante não só pelo aporte de recursos, mas pela contribuição na gestão financeira e comercial da empresa.
Quando o fundo entrou, não havia muitas mudanças possíveis em relação à safra de 2009, porque já havia sido feita a colheita e a maior parte da exportação estava finalizada. Com a chegada dos novos sócios, a área comercial ganhou reforço, com um diretor específico, e foram colocados vendedores nas diversas regiões brasileiras para atender o varejo.
Frey avalia que foi um ano difícil para todo o setor, inclusive para a Renar. Nas exportações, o real valorizado em relação ao dólar deixou as vendas externas menos rentáveis, enquanto no mercado interno houve aumento das importações do Chile e da Argentina, contribuindo para um excesso de oferta e preços baixos. Por enquanto o empresário diz que é cedo para traçar um cenário para 2010. "Não sabemos como estará o preço lá fora em 2010, mas a exportação é uma necessidade do Brasil e algum volume vai ter que ser exportado", disse. Em relação à produção que será colhida no início do ano que vem, por enquanto há bons indicativos de qualidade e o volume não deverá apresentar quebra acentuada.
Em 2010, a Renar vai conseguir produção do seu primeiro pomar no Paraná, uma área cujas frutas ficam maduras cerca de três semanas antes de Fraiburgo, onde está localizada a maior parte da sua produção. Com a fruta mais precoce, ela consegue chegar ao mercado em momento em que a oferta é menor e, os preços, melhores.
Veículo: Valor Econômico