Varejo: Analistas, à espera de dados, consideram positivo o negócio
A integração de três empresas com diferentes culturas será um dos grandes desafios que o time do Grupo Pão de Açúcar enfrentará ao costurar a fusão das operações da Casas Bahia, do Ponto Frio e da rede Extra Eletro. O grupo nem teve tempo ainda de digerir a aquisição do Ponto Frio, comprado em junho, e já terá de fazer a junção deste varejista com a Casas Bahia. A operação é considerada positiva pelos analistas, mas a integração dos negócios será complexa.
O Pão de Açúcar não comprou propriamente a Casas Bahia. A família Klein, controladora da rede, transferirá suas operações a uma terceira empresa, temporariamente batizada de Nova Casas Bahia, e que depois será incorporada à Globex, controladora do Ponto Frio.
Segundo pesquisas feitas pela PricewaterhouseCoopers, os 100 primeiros dias, quando são obtidos os chamados "quick wins" (ganhos rápidos), são cruciais para o sucesso de fusões e aquisições. E o risco de evasão de capital intelectual é um dos problemas mais comuns enfrentados por empresas que passam por esses processos: 25% dos gestores, em média, decidem sair da companhia.
A complexidade da operação vai exigir um esforço redobrado da equipe do Pão de Açúcar. E, enquanto Casas Bahia e Ponto Frio estiverem empenhados em fundir suas operações, os competidores devem buscar uma brecha para acirrar a concorrência. Magazine Luiza e Insinuante evitam comentar a fusão, mas é esperado que não fiquem de braços cruzados.
O presidente-executivo do Magazine Luiza, Marcelo Silva, avalia que a integração dos dois concorrentes será "complexa". Mas "o Pão de Açúcar tem muita experiência", disse o executivo, que ontem tentou se esquivar do assunto.
Em seus relatórios, os analistas de investimentos do J.P. Morgan, Credit Suisse, HSBC e Ativa consideraram "positiva" a aquisição do controle das operações de varejo da Casas Bahia pelo Pão de Açúcar, que terá 51% do capital da nova empresa. Mas ainda estão à espera de uma divulgação mais detalhada dos números da Casas Bahia, que não publica balanços.
"Assim que os números da Casas Bahia estiverem disponíveis ao mercado, vamos revisar nossas estimativas", informou a corretora Ativa. O Pão de Açúcar revelou, por enquanto, que a margem Lajida da nova companhia será de 5%.
Ontem, as ações do Pão de Açúcar subiram 0,8%, enquanto as ações da Globex caíram 4,3%. Os papéis que continuam sofrendo impacto são os da B2W, líder no comércio eletrônico. O Pão de Açúcar vai desmembrar sua operação de internet e reunir a pontocom do Extra, Ponto Frio e Casas Bahia em uma mesma empresa. Espera-se que as ações dessa nova companhia sejam lançadas na Bovespa.
As perspectivas para o varejo de bens duráveis são otimistas. Segundo Silva, as vendas em dezembro começaram aquecidas e o Magazine Luiz já projeta um aumento de 30% no faturamento sobre o Natal de 2008. Pelo critério mesmas lojas, as vendas do Magazine Luiza devem crescer 25% neste fim de ano. "Será o melhor Natal dos últimos cinco anos ", disse Silva.
O Magazine Luiza prevê abrir um número conservador de lojas em 2010, entre 15 e 20. A rede está se reestruturando para reduzir o endividamento, após realizar grande investimento para entrar na capital paulista. "As lojas de São Paulo já atingiram o 'break even' (equilíbrio financeiro)", diz Silva.
Veículo: Valor Econômico