J&J monta centro de inovação de embalagens no Brasil

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A Johnson & Johnson criou uma estrutura de pessoal focada na área de design de embalagens e São José dos Campos será um dos quatro centros de inovação da companhia no mundo, para esse setor. Os demais centros ficam localizados na França, voltado ao mercado europeu, em Xangai, para a Ásia, e outro nos Estados Unidos. Até 2005, cada região tinha uma agência de desenvolvimento de design e a área de embalagem ficava subordinada à divisão de produtos de consumo.

 

Com as mudanças, a J&J passa a centralizar as criações em uma agência própria, sediada em Nova York, que se tornou um grande repositório de todos os produtos desenvolvidos pela companhia no mundo. As agências locais ficaram voltadas para as marcas mais regionalizadas, como o protetor solar Sundown, no Brasil, que leva um componente cultural bastante forte. "O objetivo da J&J é padronizar suas embalagens no mundo e transformar esse item em um diferencial ainda mais competitivo para o produto", diz o engenheiro Renato Wakimoto, diretor de Estratégia de Design e Embalagem da Divisão de Consumo da J&J.

 

A J&J no Brasil tem lançado cerca de 230 produtos por ano para a América Latina. O trabalho é feito por 12 pessoas, contratadas nos últimos quatro anos. A equipe está dividida em unidades para produtos para bebês, de beleza, medicamentos sem prescrição médica e cuidados pessoais.

 

O engenheiro Wakimoto, que trabalhou antes na Natura, trouxe na bagagem uma larga experiência na área de sustentabilidade, tema que também passou a estar diretamente vinculado ao processo de produção das embalagens da J&J. A empresa criou nove diretrizes para garantir que suas embalagens sejam produzidas com o menor impacto ambiental possível e um dos motivos é o fato de a embalagem ter se tornado um dos principais vilões do meio ambiente. "Dentro dessa nova filosofia de trabalho a J&J privilegia, por exemplo, a utilização de materiais reciclados e recicláveis e de matérias-primas certificadas, que não tenham sido extraídas através de desmatamento".

 

A J&J será a primeira indústria de cosméticos do Brasil a utilizar polietileno verde, desenvolvido com cana-de-açúcar, pela Brasken, nas embalagens dos protetores solares da marca Sundown, a partir de 2010. A empresa avalia o uso do polietileno verde em outras linhas de produto e em outras regiões do mundo. As novas diretrizes incluem a eliminação de matérias-primas polêmicas como o PVC.

 

O curativo Band-Aid, que tem 90% da produção feita no Brasil, foi o primeiro produto da J&J a usar cartucho com certificação de origem FSC (Forest Stewardship Council), que garante que a matéria-prima utilizada é oriunda de processo produtivo ecologicamente correto. A J&J também acaba de lançar uma escova dental, com cabo de material reciclado, que custa R$ 1,49.

 

Além da questão ambiental, a J&J está preocupada com o impacto social produzido pelas embalagens que levam seus produtos. Foi contratada a consultoria internacional Delta, focada em trabalhos sócio-ambientais. Essa empresa, segundo Akimoto, está selecionando um grupo de cinco a nove cooperativas de catadores de lixo reciclável no Brasil, que serão certificados e irão fornecer o material coletado para os fornecedores de matérias-primas da J&J.

 

O projeto tem como parceiros o Walmart, a Suzano Papel e Celulose, a prefeitura de São José dos Campos e a Ancor, fornecedora de frascos plásticos da J&J. "Numa primeira fase estamos avaliando as cooperativas que possuem as melhores práticas sociais e de sustentabilidade", diz o engenheiro. A meta é, no futuro, certificar essas organizações, segundo as normas SA 8000, um tipo de selo internacional de responsabilidade social.

 

A J&J não pretende exigir que as cooperativas cumpram à risca os fundamentos da norma, bastante complexa, mas pretende estimular ações básicas, como não usar mão de obra infantil e escrava e que os cooperados sejam alfabetizados.
 


Veículo: Valor Econômico


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