Ceagesp: prejuízo de R$ 15 milhões

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A forte chuva que caiu na terça-feira na capital paulista causou muitos prejuízos para o comércio. Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), maior centro de distribuição de alimentos da América Latina, a administração estima que o tempo em que o estabelecimento ficou fechado causou prejuízo direto de R$ 15 milhões, volume médio de negócios de um dia, além do desperdício de cerca de 80 toneladas de melancia, o que representa R$ 70 mil.

 

Na Ceagesp, onde as águas chegaram a ficar 1 metro acima do solo o vendedor Lourivaldo Pereira de Carvalho precisou jogar fora parte das 2 mil que tinha para comercializar e perdeu por causa das chuvas. O prejuízo foi de cerca de R$ 5 mil. "Foi um caminhão inteiro."

 

Toda a mercadoria que teve contato com a água foi jogada fora. Para garantir que os comerciantes não reaproveitassem a mercadoria, o fiscal Antônio Carlos Pedro passou a sexta-feira monitorando o local. "Qualquer proximidade com a água, que é muito suja, é motivo para que a mercadoria seja jogada fora", explicou.

 

Segundo especialistas, as enchentes na cidade de São Paulo, ocorridas nos meses de maior quantidade de chuvas, são resultado de um modelo antiquado de drenagem das águas, de urbanização e de ocupação inadequadas das várzeas dos rios.

 

O arquiteto e professor da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Pellegrino diz que a cidade está insistindo na utilização de um modelo de concentração e transferência de águas muito concentrador e acelerador, o que impossibilita a infiltração no solo.

 

"Você cria uma situação de concentrar o fluxo das águas das chuvas e quer conduzir toda essa água por superfícies impermeáveis até um ponto final. Quando chega lá embaixo, é um dilúvio. Esse é o modelo antigo, que você tinha no século passado", afirmou.

 

De acordo com Pellegrino, outras cidades do mundo já estão agindo no sentido de trazer os córregos para o seu leito original e refazer as áreas naturais ou verdes a fim de facilitar o escoamento e a absorção da água pelo solo. "Juntamente com o propósito de você ir reduzindo a quantidade de água que corre rapidamente para o fundo do vale", analisou.

 

O arquiteto e urbanista do Instituto Polis, Kazuo Nakano, explica que o problema está centrado no modelo de urbanização e ocupação inadequados das várzeas dos rios. "O Tietê, o Pinheiros e o Tamanduatei eram rios de meandro (com curvas acentuadas). A gente pegou um rio que era todo curvilíneo, canalizou em uma linha reta. Transformou um rio de meandro em um canal, e urbanizou as margens desse rio, disse.

 

Com o modelo aplicado, as águas das chuvas passam a escoar pelos rios com maior velocidade, o que não possibilita a absorção pelo solo. "A gente acelerou a velocidade dessas águas. Quando chove, a água escorre muito rápido por esses canais e, como está tudo impermeabilizado, a terra não absorve. E aí, inunda", afirmou.

 

A solução apontada pelo urbanista é corrigir gradativamente a ocupação das proximidades dos rios e liberar espaço para o solo absorver as águas. "A gente vai ter que ir reformulando o jeito de ocupar as margens desses rios e córregos, lugar por lugar, onde der para implantar um parque linear, onde der para a gente liberar o solo para fazer ele respirar, para fazer ele entrar no círculo das águas das chuvas. Essa vai ser a nossa única solução no longo prazo".

 

De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências de SP (CGE), na terça-feira choveu 75,8 milímetros (mm) em média na cidade o equivalente a 37,7% da média prevista para dezembro, que é de 201,0mm. Decorridos apenas oito dias do início do mês, São Paulo já registrava um acumulado médio de 143,1mm, que reflete em 71 2% da média para o mês.

 

Desde a fundação do CGE, em 1999, o maior volume de chuvas foi registrado em 24 de maio de 2005, com 76,2mm. O índice da última terça-feira passa a ser o segundo maior nos últimos 10 anos.

 


Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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