Santher prevê atingir R$ 1 bi em 2010

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Após enfrentar um ano duplamente desafiador - além da crise econômica, o incêndio que destruiu um importante depósito no fim de 2008 gerou dificuldades na entrega de produtos ao longo de 2009 -, a Santher preparou-se para imprimir forte ritmo de crescimento no próximo ano. Empresa que disputa a liderança entre os fabricantes de papel higiênico de folhas simples e tem lugar de destaque no segmento de folhas duplas, a dona da marca Personal calcula que sua receita líquida cresça pelo menos 25% em 2010, superando a casa dos R$ 900 milhões. Entre seus concorrentes aparecem multinacionais como a Kimberly-Clark e a CMPC.

 

A expansão, de acordo com o presidente da Santher, Antonio Werneck, está em linha com os planos traçados em agosto de 2007, quando o conselho aprovou a meta de duplicar o tamanho da empresa até 2012, por meio da execução de um plano orçado em R$ 310 milhões. Desse montante, R$ 160 milhões foram reservados para o aumento da capacidade produtiva, que acaba de ser impulsionada com uma nova máquina de papel na fábrica de Bragança Paulista (SP).

 

Em novembro, conta Werneck, a empresa controlada pela família Haidar iniciou a operação de uma das mais modernas máquinas de papel da América do Sul, com capacidade para entre 2,5 mil toneladas e 3 mil toneladas por mês e investimento total de R$ 50 milhões. "Apesar da crise, a decisão do conselho foi manter o ritmo de investimentos, para capturar o crescimento que viria depois", afirma.

 

Conforme Werneck, que assumiu a presidência da Santher em novembro de 2005 e tornou-se o segundo executivo a ocupar o cargo após mais de seis décadas de gestão familiar, antes da eclosão da crise a empresa havia decidido pela antecipação de parte dos investimentos, incluindo a nova máquina de papel. Como consequência, a linha entrou em operação um ano antes do previsto. A entrega da celulose que abastece a máquina foi garantida por contrato de longo prazo firmado com a Fibria, empresa resultante da fusão de Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (VCP), que fornece mais de 70% das cerca de 12 mil toneladas mensais de matéria-prima consumida pela Santher.

 

Os recursos que financiam o plano de expansão, de acordo com o executivo, são oriundos do próprio caixa da empresa, que não descarta a possibilidade de aquisições. No passado, a Santher chegou a lançar uma oferta pela Melhoramentos, que acabou comprada pela chilena CMPC, em um negócio de R$ 400 milhões. "A geração de caixa financia o plano de expansão e, no caso de uma eventual aquisição, a companhia pode se alavancar", diz Werneck. A partir do alongamento da dívida, com a emissão de R$ 100 milhões em debêntures simples em 2007, a Santher, que no passado enfrentou problemas financeiros, tem hoje posição financeira confortável e poderia aumentar seu nível de alavancagem.

 

Além de permanecer atenta a oportunidades de aquisição, a companhia tem como estratégia para acelerar o ritmo de crescimento em 2010 a ampliação do número de itens sob as marcas Personal, Sym, Snob e Kiss. Em meados deste ano, por exemplo, a Santher lançou fraldas descartáveis com a marca Personal. "A Santher não é uma empresa de papel, mas sim uma empresa de bens de consumo", ressalta. O mote do negócio, de entregar o melhor produto com o menor custo possível, contudo, está mantido. "A principal estratégia da Santher está na equação entre qualidade e preço", acrescenta.

 

Apesar da diversificação e da nova "arquitetura das marcas", nas palavras de Werneck, a linha de papéis higiênicos Personal deve se manter como carro-chefe. Segundo dados da AC Nielsen, referentes à julho/agosto, a marca Personal liderava o mercado de papel higiênico de folha simples, com fatia de 19,7%, e era vice-líder no segmento de folha dupla, com participação de 17,7%. No ano passado, segundo a Nielsen, o mercado brasileiro de papéis higiênicos movimentou 4,6 bilhões de rolos, com queda de 1,5% frente a 2007, e registrou vendas de R$ 2,4 bilhões, uma alta de 9,9% na mesma comparação.

 

Segundo o presidente da Santher, parte da retomada econômica verificada neste ano não estará refletida no balanço da empresa, em razão dos transtornos logísticos provocados pelo incêndio no depósito central da companhia, em Bragança Paulista. O incidente fez com que a entrega de produtos não acompanhasse a velocidade de recuperação do mercado e, como resultado, a receita líquida deverá mostrar alta de apenas um dígito na comparação com 2008, para cerca de R$ 750 milhões.
 


Veículo: Valor Econômico


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