A produção de laranja da Flórida poderá surpreender os mais pessimistas e despencar até 25% nesta safra 2009/10. Além do clima desfavorável, que tem ajudado a elevar as cotações do suco na bolsa de Nova York, a erradicação de pomares no Estado por causa do avanço da doença conhecido como greening também colabora para a redução da produção, como destacou Jerry Neff, diretor da consultoria e corretora americana Allendale Inc.
Nesse contexto, afirma Neff, os produtores do segundo maior polo citrícola do planeta preveem que a produção alcançará 122 milhões de caixas de 40,8 quilos em 2009/10, ante as 162,4 milhões da temporada concluída em junho. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) não foi tão catastrófico em seu levantamento de outubro e previu 136 milhões de caixas para a Flórida, ainda assim o menor volume em três anos
"Embora a estimativa da safra possa não mudar, achamos que até março o USDA precisará trabalhar com uma redução de até 10%", disse Neff, que fica baseado em Bradenton, na Flórida. O USDA está divulgando hoje sua nova estimativa de produção.
Em entrevista ao Valor na terça-feira, Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), afirmou que também acreditava em uma redução na nova estimativa do USDA para a safra de laranja da Flórida, mas para aproximadamente 132 milhões de caixas. A entidade foi criada recentemente por Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus Commodities, as quatro grandes indústrias radicadas em São Paulo que fazem do Brasil o maior exportador mundial de suco de laranja.
De volta à Flórida, o clima seco observado há alguns meses deste ano levou à redução do tamanho da laranja e à queda de 19% no número médio de frutas. Na colheita da laranja da safra temporã e da variedade valência, atualmente em curso, os primeiros caminhões que saíram dos laranjais mostram que são necessárias aproximadamente 270 laranjas para encher uma caixa, em relação à média de 239 laranjas do ano passado, disse Neff, atribuindo a informação a conversas com citricultores.
O número de pés de laranja produtivos na Flórida vai cair 2%, para 59,4 milhões nesta safra, disse o USDA em outubro. Isso por conta do greening, doença bacteriana incurável capaz de matar as árvores, que está atacando os laranjais americanos e também prejudica sobremaneira os pomares de São Paulo, dono do maior parque citrícola do mundo.
Na bolsa de Nova York, os contratos futuros do suco de laranja já subiram mais de 70% este ano e alcançaram o maior patamar em mais de 16 meses. A alta foi puxada pela queda da safra da Flórida. Em 9 de outubro, a projeção do USDA de uma retração de 16% fez com que os preços subissem US$ 0,10, a maior alta permitida pela bolsa nova-iorquina. Os contratos para março voltaram a subir ontem, para US$ 1,3020 por libra-peso. E poderão subir mais 12%, disse Neff.
Veículo: Valor Econômico