Os setores produtivos de orgânicos do Brasil e Itália uniram-se para fomentar o consumo e ampliar as oportunidades de negócios entre os dois países. Por meio de uma carta de cooperação, assinada no mês passado pela Associação dos Produtores e Processadores de Orgânicos do Brasil (BrasilBio) e Federação Italiana de Agricultura Biológica e Biodinâmica (FederBio), empresas brasileiras de produtos orgânicos poderão conhecer modelos associativos e produtivos italianos, trocar conhecimento e, a partir daí, avançar em questões como certificação, processos tecnológicos e barreiras comerciais e normativas. Em contrapartida, o mercado orgânico brasileiro, considerado um dos mais promissores do mundo, será uma vitrine para os produtos orgânicos italianos.
"A ideia é compartilhar tecnologia, já que o modelo de produção italiano atende a muitas das características do Brasil, e promover o comércio entre Brasil e Itália", diz o presidente da BrasilBio, José Alexandre Ribeiro. "Na Itália, por exemplo, os orgânicos compõem total ou parcialmente a merenda escolar." Para isso, as entidades vão aproveitar a ocasião da 6ª Bio Brazil Fair, um dos mais importantes eventos do setor, que ocorre no Brasil, em maio de 2010, e a maior feira de orgânicos da Itália, o Salone Internazionale del Naturale (Sana), em setembro de 2010, em Bolonha. "Empresas e produtores italianos virão ao Brasil, na Bio Brazil Fair, em busca de negócios. À feira italiana irão entre 30 e 50 representantes vinculados à BrasilBio", explica Ribeiro. A BrasilBio congrega, entre 2 mil associados, empresas, cooperativas e produtores de orgânicos.
De acordo com o representante da FederBio na América do Sul, Paolo Edoardo Coti-Zelati, a Itália é 5º maior produtor de orgânicos do mundo e possui cerca de 2 milhões de hectares cultivados com orgânicos. "Há grande interesse da Itália em vender seus produtos no mercado brasileiro e investir na produção orgânica no País", diz. "Ainda há, no Brasil, 9 milhões de hectares que podem ser usados para o cultivo de orgânicos."
Conforme Coti-Zelati, o interesse italiano no Brasil é por produtos típicos, como banana, caju, café e carne. Já o interesse do Brasil na Itália inclui itens como azeite extravirgem, vinho, queijo parmesão, presunto cru e tomate pelado. "A Itália tem interesse em produtos brasileiros não só in natura, mas transformados", destaca Ribeiro.
A parceria prevê iniciativas conjuntas até 2016, na Olimpíada do Rio, passando pelo Ano da Itália no Brasil, em 2011, pela Copa 2014, no Brasil, e pela Expo Milano, em 2015.
Veículo: O Estado de S.Paulo