Diniz garante que marcas vão ser mantidas após megafusão

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Depois da fusão de Casas Bahia e Globex, do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Abilio Diniz, presidente do conselho administrativo do grupo, reforçou ao DCI que a nova empresa manterá todas as marcas (Extra Eletro, Ponto Frio e Casas Bahia). Para Diniz, não há possibilidade de manter só algumas bandeiras: "Eu nem considero isso. Nós vamos manter todas as marcas, inclusive Casas Bahia", afirmou, durante evento em São Paulo em que recebeu o prêmio de 'Brasileiro do Ano', na categoria Empreendedor do Ano.

 

Enquanto o Pão de Açúcar digere as novas operações e as diferentes culturas varejistas que vai administrar, a concorrência também começa a se mexer. As principais empresas deste segmento, como Magazine Luiza, Ricardo Eletro, Carrefour, Walmart e Lojas Colombo começam a ver o cenário que se desenha no varejo com a entrada da nova empresa, e devem se reposicionar no mercado com metas de fidelizar ainda mais o cliente, além de estreitar as relações com os fornecedores.

 

Para Diniz, o momento é de ajustes, não havendo planos de fechamento de lojas conflitantes ou de demissões. Ele afirmou que a fusão das duas varejistas não terá problemas de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), porque não é uma ameaça à concorrência pelo fato de as duas redes serem líderes de segmentos diferentes. "Vamos apresentar todos os documentos e nos submeteremos a todas as avaliações, mas não tenho preocupação com isso", disse.

 

A possibilidade de o grupo incorporar outras concorrentes, o empresário negou-se a comentar: "Compras e aquisições a gente não anuncia: comunica. Mas posso dizer que vamos crescer muito em 2010. Os próximos passos são: terminar bem este ano, entrar com muita força em 2010 e continuar a fazer tudo aquilo que já fazemos", finalizou.

 

Concorrência

 

Apesar de procurados, Magazine Luiza, Walmart e Carrefour não se pronunciaram sobre o assunto, mas já admitem impactos com a fusão. Especialistas, como o professor Nuno Fouto, do Programa de Administração do Varejo (Provar), acreditam que as concorrentes podem reagir investindo mais: "A fusão vai exigir uma competência e uma profissionalização muito maior por parte da concorrência e também por parte das indústrias. Outra alternativa para a concorrência é investir ainda mais na consolidação das vendas de marcas próprias", disse.

 

Outra mudança que poderá ocorrer no varejo de eletroeletrônicos e móveis é uma melhora das negociações entre pequenos ou médios comerciantes e a indústria. Para Ubirajara Pasquotto, diretor da Cybelar, rede forte no interior de São Paulo, com cerca de 70 lojas, os maiores concorrentes devem ser os mais afetados, e não dá para ignorar o enorme poder de negociação da empresa: "Não podemos dizer que o mercado será o mesmo: jogaram uma pedra enorme na piscina e precisamos ver quanta água irá sobrar. Mas a indústria precisará de outros canais, e deve perceber que também precisa de nós".

 

Apesar de admitir impacto, Pasquotto afirma que a concorrência também pode ter ser seu lado positivo e está em uma situação melhor por ter foco no interior paulista. Ele não pretende entrar na capital - o que ficaria ainda mais difícil agora. A empresa estava com o orçamento fechado para 2010 e mantém o ritmo de expansão, abrindo de 8 a 10 lojas por ano, por enquanto, mas admite que irá revisar esse plano.

 

Já a gaúcha Lojas Colombo, com mais de 340 lojas no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e São Paulo, poderá ter reflexos principalmente nas cerca de 80 lojas no interior do Estado de São Paulo, onde poderia repensar sua estratégia, já que na capital paulista tem apenas duas unidades premium e concorre com a rede Fast Shop, atingindo a classe A.

 

Para Gladimir Somacal, diretor de Compras da rede, a bandeira Ponto Frio, que seria a marca da nova empresa voltada para as classes A e B, não está no mesmo nicho e teria de ser reformulada para competir diretamente com esse formato da Colombo. Adelino Colombo, presidente da Lojas Colombo afirmou à reportagem que também considera que a concorrência pode ser saudável.

 

O professor Ricardo Pastore, do Núcleo de Estudos do Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), destaca que um outro reflexo pode a fusão de algumas indústrias para competirem de igual para igual com a varejista.

 


Veículo: DCI


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