Mercado de capitais: Emissão, de R$ 200 mi, visa refinanciar dívidas de curto prazo após uma série de aquisições
Depois de colecionar uma série de aquisições de empresas ao longo deste ano, a Hypermarcas anunciou ontem que vai fazer sua primeira oferta de debêntures com o objetivo de refinanciar suas dívidas de curto prazo, com vencimento em até um ano.
A fabricante de medicamentos, alimentos e de produtos de higiene e limpeza emitirá R$ 200 milhões em debêntures no dia 8 de janeiro por meio de uma oferta pública com esforços restritos, aquela limitada à aquisição por no máximo 20 investidores.
O vencimento das debêntures ocorrerá em três anos, prazo mais alinhado aos pagamentos que a Hypermarcas terá de fazer nos próximos anos para quitar aquisições feitas em 2009, que somaram cerca de R$ 1,3 bilhão. As compras da Neo Química (medicamentos), da Pom Pom (fraldas) e Inal (preservativos), que começaram a ser efetivadas em setembro, foram feitas de forma parcelada, com algumas dívidas vencendo em até quatro anos.
Até o terceiro trimestre de 2009, a Hypermarcas apresentava uma dívida de curto prazo de R$ 400 milhões e outros R$ 748,2 milhões vencendo no longo prazo. Por outro lado, R$ 548,2 milhões entraram no caixa da companhia neste ano com uma oferta de ações em julho. Ao todo, a dívida líquida da companhia era de R$ 273,8 milhões. Esses valores, porém, ainda não incluem as aquisições da Hydrogen, da Pom Pom e da Inal, feitas já no quarto trimestre.
Além de ter de quitar as recentes compras, a Hypermarcas anunciou que vai desembolsar recursos na construção de novas indústrias, como uma fábrica de cosméticos no Estado de São Paulo, mais uma planta e um centro de distribuição na região Nordeste.
As debêntures vão remunerar os investidores com 113,72% da taxa do Depósito Interbancário, com pagamento de juros em parcelas semestrais, a partir de julho. O valor do principal só será devolvido no vencimento dos títulos, em 2013, segundo ata da reunião do conselho de administração que autorizou a emissão.
A emissão conta com uma cláusula de obrigação por parte da Hypermarcas quanto ao limite do endividamento. A divisão da dívida líquida pelo ebtida (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) deve ficar em, no máximo, 4,5 e 3,5 até o vencimento das debêntures. Ao fim do terceiro trimestre, esse indicador estava em 0,6.
No acumulado dos nove meses de 2009, a Hypermarcas registrou uma receita líquida de R$ 1,3 bilhão, um crescimento de 49% em relação ao mesmo período de 2008. O lucro líquido foi de R$ 212,4 milhões ante um prejuízo.
Veículo: Valor Econômico