Casas Bahia desiste do Rio Grande do Sul

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Quando inaugurou as primeiras quatro lojas da Casas Bahia no Rio Grande do Sul em outubro de 2004, com 20 mil clientes pré-cadastrados nas cidades de Porto Alegre, Cachoeirinha e São Leopoldo, o diretor e sócio da rede Michel Klein era só otimismo. Disse que nunca havia encontrado uma "receptividade tão grande" no país. Se plano era chegar a 1 milhão de clientes em cinco anos no Estado. Mas a história não foi bem assim.

 

Passados cinco anos, a varejista informou que no sábado fechou as últimas cinco lojas (três em Porto Alegre, uma em Canoas e uma em Caxias do Sul) das 28 que chegou a ter no Estado. Em nota, disse que a decisão foi tomada no início de janeiro, depois que a Secretaria da Fazenda do Estado emitiu 45 autos de infração fiscal contra a empresa, que totalizam cerca de R$ 52 milhões. A Casas Bahia conseguiu derrubar duas delas, no valor de R$ 1,8 milhão. Em 2006 a empresa começou a fechar unidades no Estado, devido a históricos insatisfatórios de vendas, a baixos índices de rentabilidade e a elevados níveis de inadimplência.

 

Em nota, a Secretaria da Fazenda informou que parte das autuações deveu-se a operações relacionadas a compras com cartões de crédito. Informou ainda que detectou algumas incorreções cometidas pela própria secretaria, "que já estão sendo sanadas". Há autos de infração referentes à base de cálculo sobre a qual incide o ICMS. Essa discussão está sendo feita no âmbito administrativo, mas poderá ser levada à Justiça se não houver entendimento.

 

No Rio Grande do Sul a Casas Bahia enfrentou a concorrência acirrada da Lojas Colombo, forte rede local, e ainda do Magazine Luiza, que entrou no Estado em 2004 a partir da compra da Lojas Arno. Em agosto de 2008 Klein disse que pesquisas revelaram que o baixo desempenho estava associado ao comportamento "bairrista" dos gaúchos.

 

Conforme a assessoria da empresa, a decisão de deixar o Estado foi tomada três dias antes da aquisição da varejista pelo Pão de Açúcar, ainda sob análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, e nada tem a ver com eventuais planos do Ponto Frio (incorporada pelo Pão de Açúcar em junho). A Ponto Frio tem 35 lojas no Estado - são 455 no país - e os investimentos para 2010 só serão divulgados nos próximos dias.

 

O fechamento das últimas filiais da Casas Bahia no Rio Grande do Sul pegou de surpresa os sindicatos dos comerciários das três cidades atingidas pela decisão. De acordo com as entidades, as cinco lojas empregavam 237 pessoas. Na nota divulgada ontem, a empresa informou que "estuda a possibilidade de alocar os colaboradores em filiais de Estados vizinhos sem garantia, no entanto, de efetivação dessa transferência".

 

Ainda no comunicado, a varejista destacou que recolhe R$ 1 bilhão em impostos por ano em todos os Estados que opera e que havia investido mais de R$ 30 milhões em infraestrutura em 19 municípios do Rio Grande do Sul, onde chegou a gerar 2,7 mil empregos. "A saída do mercado gaúcho foi adiada pelo tempo possível e o fechamento gradual das lojas no Estado, efetivado conforme a performance de cada filial aberta, tendo como parâmetros o faturamento, a rentabilidade das lojas e o controle do índice de inadimplência dos consumidores", afirmou a empresa.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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