Pouco depois da fusão entre Pão de Açúcar e Casas Bahia, Walmart anuncia investimentos de R$ 2,2 bilhões e abertura de mais de 100 lojas no Brasil
O Walmart tinha um plano traçado para o Brasil: alcançar a liderança do setor por meio de aquisições e chegar aos R$ 40 bilhões em vendas em 2016. Faltou combinar com Abilio Diniz, o dono do Pão de Açúcar.
A fusão de seu grupo com a Casas Bahia, no início do mês, fez com que a nova gigante tivesse vendas semelhantes às de Walmart e Carrefour juntos. Para efeito de comparação, a diferença de receita bruta entre o Grupo Pão de Açúcar e o conglomerado americano hoje é de impressionantes R$ 21 bilhões.
Diante desse cenário, era esperado pelo setor que o Walmart começasse sua reação. Na semana passada, o presidente da companhia, Héctor Nuñez, anunciou um novo pacote de investimentos para o País. Segundo o executivo, o grupo vai desembolsar R$ 2,2 bilhões para abrir uma centena de lojas da rede em 2010. O volume é o dobro do aplicado há quatro anos e 37,5% acima do aplicado em 2009. "Não basta apenas anunciar investimentos", diz Cláudio Felisoni, coordenador do Instituto Provar, da Universidade de São Paulo.
"A rede precisa mostrar que ainda está na briga e passar um recado consistente ao mercado." O plano de crescimento tem o sinal verde da matriz, que deu o aval para a maior proposta de expansão da história do segmento no País. O foco será a abertura de lojas.
Nuñez diz que os novos estabelecimentos podem chegar a 110. Em 2009, foram 91 inaugurações, levando a rede para 435 unidades. O aumento do poder de fogo da concorrência levou o comando do Walmart a comentar pelos corredores que o Pão de Açúcar cresceu apenas na área de eletrônicos e que este não é o foco de sua companhia no Brasil. No segmento de alimentos, porém, a empresa americana também fica para trás.
O Walmart deve vender por aqui R$ 19,5 bilhões em 2009, segundo estimativas do mercado. O valor inclui a linha de eletrônicos. O Pão de Açúcar, por sua vez, deve faturar R$ 18,7 bilhões apenas com itens de alimentação. Por essa razão, nunca foi tão importante para o Walmart abrir lojas.
"Essa é a única forma de a cadeia ocupar espaço na mesma velocidade dos rivais", afirma Felisoni. A arrancada poderia vir de uma nova aquisição. O problema é que não há varejistas de peso à venda. "Vamos fortalecer a base de operações no Sudeste", diz Nuñez. "Nossa estratégia não muda em nada."
Veículo: Revista Isto É Dinheiro