Framboesas, amoras e mirtilos estão em plena colheita na Serra da Mantiqueira. Cultivo é ideal para pequenos
A Serra da Mantiqueira paulista está em plena safra de frutas vermelhas ou frutas finas, como passaram a ser conhecidas as variedades de framboesa, amora e do mirtilo, entre outras espécies. Só no entorno de Campos do Jordão, conhecido pelo inverno rigoroso e o intenso movimento turístico, já se contabilizam pelo menos 30 produtores. A colheita da safra 2009/2010, que vai até março, deve atingir 400 toneladas.
As contas são do engenheiro agrônomo Rodrigo Veraldi Ismael, que em 2003 foi o responsável pela recuperação dos pomares da Fazenda Baronesa, na cidade serrana. Na década de 1950, a fazenda foi a responsável pela introdução da framboesa no Brasil, graças aos seus proprietários Barão e Baronesa Von Leithner, que haviam chegado ao País em 1926. O auge da produção ocorreu entre 1970 e 1990, com a criação da empresa Agroindustrial Alto da Boa Vista, cujo prédio, por exigência da Baronesa Von Leithner, foi construído em estilo europeu, para manter-se em harmonia com a paisagem da fazenda.
PRODUÇÃO
A fábrica produzia geleias e xaropes de framboesa e amora com a marca Homemade - posteriormente vendida à Cica - e uma bebida destilada de framboesa conhecida como "Eau de Vie", ou "Água da Vida". Com a morte do casal Von Leithner, os pomares foram abandonados e somente duas décadas depois começaram a ser recuperados por Ismael, a pedido do novo proprietário, o empresário Luiz Goshima. "Ele queria preservar a história da baronesa e tinha preocupação ambiental", diz o gerente da fazenda, Ademir Pereira de Oliveira.
Ao adquirir a fazenda, Goshima manteve todas as características originais e, em homenagem à antiga dona, adotou a marca Baronesa para identificar os produtos, que voltaram a ser fabricados pela empresa. Ismael fez todo o trabalho de recuperação, com o replantio e a introdução de variedades melhoradas. Cerca de R$ 150 mil foram gastos nessa fase.
"Além reativar as lavouras de amora e framboesa, foi introduzido o cultivo do mirtilo e da framboesa negra. A fazenda agora trabalha com pesquisas e novos experimentos, como a framboesa dourada, a grande novidade", diz o gerente. Esta safra deve ser fechada com 10 toneladas de frutas, entre framboesas vermelhas (3 t), framboesas negras (700 quilos), mirtilo (2,5 t) e amora negra (3,5 t), incluindo a produção experimental de 20 quilos de framboesa dourada. O preço médio das frutas varia de R$ 45 (amora) a R$ 150 (framboesa dourada) o quilo para o consumidor. O mirtilo sai a R$ 80 o quilo e a framboesa vermelha custa R$ 60 o quilo.
A Fazenda Baronesa tornou-se referência na Serra da Mantiqueira e as frutas finas, especialmente a framboesa, segundo Ismael, estão ocupando o espaço do morango. "A framboesa é o produto mais conhecido e tem venda garantida e não é uma cultura trabalhosa."
Em 2006, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) resgatou esses cultivos no Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes com a produção de mudas de frutas vermelhas e outras de clima temperado. Desde então, diz o diretor do Núcleo de Produção de Mudas de São Bento do Sapucaí, Amélio José Berti, vêm sendo divulgados esses cultivos e novas tecnologias, possibilitando uma alternativa economicamente viável para pequenos produtores, pois as frutas têm bom valor agregado.
Veículo: O Estado de S.Paulo