Varejo de eletrônicos travará disputa por área física e virtual

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Em 2010 o varejo de eletroeletrônicos terá um aumento na competição entre as principais redes do setor. Para gigantes como Walmart, Casas Bahia e B2W [dona da Americanas.com e Submarino] a briga será maior na venda pela internet com o quesito preço baixo, devido ao poder de compra em escala que essas empresas têm. Já os de médio porte, como Magazine Luiza e Ricardo Eletro, terão a disputa física, com investimentos em logística, distribuição e atendimento personalizado.

 

De acordo com o professor Nuno Fouto, do Programa de Administração do Varejo (Provar), as mudanças no mercado são reflexo do cenário de fusões e aquisições que o setor viveu no ano passado. "Com a junção dos principais players deste segmento o mercado tende a ser mais concentrado e obrigar a concorrência a se movimentar atrás de soluções para não perder espaço e nem clientes", avisa.

 

O professor acredita que a competição ficará mais acirrada na Região Sudeste, onde se concentra a maior parte das vendas do setor de eletroeletrônicos, e diz que não vê saturação no mercado, apesar de reconhecer que redes como a oriunda da fusão entre Casas Bahia e Globex tenham em um primeiro momento melhores condições de competir. "Mesmo assim, se a empresa souber fazer a distribuição de uma maneira eficiente terá espaço", afirma.

 

De olho na possibilidade de ganhar mais força em São Paulo, Estado onde atua apenas no interior, a Ricardo Eletro, rede mineira, presidida por Ricardo Nunes, e que possui 280 unidades, aposta na melhoria da sua logística e prepara a inauguração de um Centro de Distribuição (CD) na capital paulista. O CD terá investimento previsto de R$ 40 milhões e começará a funcionar ainda no primeiro semestre deste ano, de acordo com informações da empresa.

 

Encontrar novas formas de se posicionar no mercado para driblar o grande poder econômico das concorrentes gigantes é justamente o plano da Ricardo Eletro. "Empresas menores terão de investir em atendimento. Porque uma rede muito grande encontra mais dificuldade para ele se especializar", diz Márcio Morgado, do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para ele, a tendência é que esse mercado se torne mais competitivo neste ano.

 

Morgado acredita que o fôlego da Ricardo Eletro deve-se ao crescimento da rede em Estados onde a varejista atua, como Minas Gerais e Distrito Federal. "Ela é forte em regiões onde a competição é menor, mas segue o mesmo caminho da Magazine Luiza", lembra Morgado.

 

Helóisa Omine, professora da Pós-graduação em comunicação com mercado da ESPM, acredita que a maior presença da rede Ricardo Eletro no Estado de São Paulo também é estimulada pela própria indústria, que pode estar fazendo mais parcerias e negociações ainda com outras redes de varejo, já que assim ficam com mais opções para capilarizar a distribuição de seus produtos e não ficará na mão de apenas uma rede na região. "É interessante para a indústria estar em mais pontos de venda. Além disso, as redes também querem estar em mercados competitivos e onde podem ter maior volume de vendas, como em São Paulo", diz ela.

 

Segundo Omine, redes como Ricardo Eletro já conhecem o mercado para onde estão ampliando, sendo que o seu consumidor muitas vezes tem o mesmo perfil do consumidor que atende no seu mercado de origem. Movimentações como a abertura do CD também indicam que as redes estão capitalizadas e devem continuar fazendo investimentos para manter o ritmo de expansão e enfrentar a concorrência, acelerando ainda a busca por novos recursos, seja abrindo o capital como pode fazer o Magazine Luiza, seja por meio de novas parcerias ou aquisições, que podem continuar movimentando o varejo. "O Magazine Luiza já estava pronto para levar o Ponto Frio também e outras redes como a Lojas Colombo estão bem estruturadas, todo mundo está se mexendo, incluindo a indústria", afirma.

 

Virtual

 

Entre as gigantes, a disputa promete ser quente nas vendas pela internet (e-commerce) - setor que, no Brasil, movimentou R$ 10,5 bilhões ano passado - e é considerado a grande vedete dos varejistas. De acordo com especialistas, a disputa no e-commerce será incrementada neste ano, por causa da fusão da Casas Bahia com a Globex Utilidades, empresa do Grupo Pão de Açúcar que detém as marcas Ponto Frio e Extra Eletro, e PPela chegada da loja virtual do Carrefour, prevista estrear neste ano.

 

O total de pessoas que compram pela internet no País chegou a 17 milhões em 2009, de acordo com dados da consultoria E-Bit, especializada nesta modalidade de varejo.

 

A loja virtual das Casas Bahia, inaugurada com um investimento de R$ 3,7 milhões deve responder por 2% do faturamento da rede em seu primeiro ano. o número de visitantes do site tem aumentado, em média, 22% por mês, de acordo com a rede.

 

O varejo de eletroeletrônicos terá um ano de concorrência acirrada em decorrência do aumento nas vendas com a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializado (IPI), e da concentração de mercado com a fusão de gigantes no setor, como a da Casas Bahia e a Globex (Ponto Frio), o que obriga as redes médias como Magazine Luiza e Ricardo Eletro a se movimentarem na defesa do seu espaço, crescente, no mercado.

 

As redes médias anunciam aumento nos investimentos em logística e atendimento para fidelizar o consumidor final, como a abertura do centro de distribuição da Ricardo Eletro em São Paulo, neste primeiro semestre. A empresa vai gastar mais no atendimento personalizado, para compensar a vantagem dos gigantes com o maior poder de barganha com a indústria.

 

Para Márcio Morgado, especialista em varejo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), as empresas de menor porte precisam encontrar novas formas de se posicionar. "As gigantes encontram mais dificuldade para se especializar", declarou.

 

Entre os líderes, como Walmart, Casas Bahia e B2W (Americanas.com e Submarino), o principal campo de batalha deverá ser no comércio virtual (e-commerce), que ano passado registrou R$ 10,5 bilhões, de acordo com a Câmara E-Bit.

 


Veículo: DCI


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