Foi a festa do peru. E do bacalhau, do frangão, do pernil suíno e do panetone. As vendas das chamadas carnes natalinas e do bolo mais tradicional do Natal superaram até as melhores estimativas da indústria e do comércio. "Vendemos mais do que prevíamos", diz Sérgio Nóia, vice-presidente comercial do Walmart, que esperava uma alta de 20% a 25% sobre o total do no ano passado. Mas a rede, segundo ele, acabou vendendo 30% mais bacalhau, 26% mais cortes suínos e 24% mais aves em relação ao volume de 2008.
Na Bauducco, que havia se programado para chegar a 50 milhões de panetones este ano, os fornos precisaram fazer hora extra. "Chegamos a 52 milhões de unidades e o que está sobrando agora é o menor volume de todos os anos", diz Paulo Cardamone, diretor de marketing da Pandurata Alimentos, dona da marca Bauducco.
"No total, vendemos 25% mais em relação ao Natal de 2008 e foi um crescimento nacional, em todas as regiões do país", diz o diretor da empresa líder em panetones no país. Segundo ele, normalmente a indústria e o varejo vendem as sobras do produto durante janeiro. Mas nesta temporada, o volume restante é de 5% da produção - metade do que normalmente ficava para o primeiro mês do ano.
Na Panificadora Cepan, da marca Village, Reinaldo Bertagnon, executivo comercial da empresa, também comemora vendas acima dos 10% de alta esperados. "Ainda não fechamos o balanço. Mas com certeza ficamos acima de 10%."
Na Marfrig, dona das marcas DaGranja, Mabella e Seara, entre outras, as metas também foram ultrapassadas. "Se tivéssemos produzido mais, teríamos vendido tudo", comemora Sérgio Mobaier, diretor de marketing do frigorífico. Com aquisições feitas durante o ano, a empresa previa dobrar o volume de carnes natalinas vendidas. "Mas vendemos 105% mais que em 2008", diz o executivo. A Coopercentral Aurora, que também vende carnes natalinas, comercializou 8% mais que em 2008, segundo sua assessoria de imprensa.
As duas empresas, segundo varejistas, ganharam mercado frente à líder BRF-Brasil Foods, com os frangões - aves natalinas menores que o peru, parecidas com o Chester, da Perdigão. "Prevíamos que o frangão iria responder por 60% do volume de aves vendidas, mas fechamos com alta de 67% em volume e 64% em valor", afirma Nóia, do Walmart.
Além do maior poder aquisitivo do consumidor, contribuíram para as melhores vendas os preços mais em conta. No geral, segundo o Walmart, os valores estavam 8% abaixo dos de um ano atrás. Mas a estrela da queda de preços foi o bacalhau, que estava pelo menos 20% mais barato. Por isso, até faltou o peixe. "O volume que importamos foi insuficiente. No início de dezembro tivemos de comprar mais, de importadores locais", conta Nóia. A tradicional devolução dos estoques que sobram para a indústria (que usa as carnes para fazer produtos derivados, como salsichas e embutidos) também não deve ocorrer, segundo o executivo. "Não sobrou nada, além do que está na área de vendas. Em poucos dias essas peças também serão vendidas."
Veículo: Valor Econômico