A multiplicação dos pequenos

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A Super Rede, supermercadista nordestina formada pela união de nove empresas, consegue a proeza de superar Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart em algumas cidades da região

 

 
No início da década, as redes nordestinas de supermercados passaram por um momento complicado. Com a chegada à região de grandes grupos como Pão de Açúcar e Carrefour, os pequenos regionais corriam o risco de desaparecer. Muitos, de fato, sumiram do mapa. Mas outros tiveram a coragem de enfrentar a concorrência. Só havia um jeito de fazer isso: unir forças e criar uma empresa de tamanho suficiente para brigar com as gigantes. Entre todas as que adotaram a estratégia, nenhuma foi tão bem-sucedida quanto a Super Rede. Em 2001, seis supermercadistas cearenses se uniram para formar uma nova companhia. Em 2005, outras três decidiram entrar no projeto. Hoje, as nove marcas que compõem o grupo Super Rede possuem 48 lojas espalhadas por todo o Estado do Ceará, o segundo mais competitivo da região, atrás da Bahia. Em 2009, a Super Rede atingiu a marca de R$ 1 bilhão de faturamento – uma enormidade perto dos R$ 4 bilhões que o Pão de Açúcar, uma das bandeiras do grupo do mesmo nome, deve faturar no Brasil todo. Melhor ainda: segundo pesquisa da consultoria Nielsen, na região metropolitana de Fortaleza a participação de mercado da Super Rede chegou a 50%, o que significa que o esforço de multiplicação dos pequenos valeu a pena. “Superamos as grandes redes nacionais”, diz Paulo Ângelo Cardillo, superintendente do grupo.

 


Cardillo tem participação direta nesse desempenho. Ex-diretor comercial do Pão de Açúcar para a região Nordeste, foi contratado em 2005 para acelerar a expansão da marca. Em três anos, ele fez as vendas da empresa duplicarem. “Isso graças à colaboração e aos objetivos em comum de todos os donos de supermercado do grupo”, diz. Embora a empresa atue sob a bandeira Super Rede, os pequenos que se uniram continuaram donos de uma fatia do negócio. Ou seja, cada um retira o resultado financeiro de acordo com a sua parte no grupo. “Meu grande desafio é padronizar o atendimento e a rede de fornecedores”, afirma o executivo.

 

 

Desde que ele assumiu a direção, os fornecedores passaram a ser os mesmos para todos. As ações de marketing foram unificadas, o que permitiu a redução de investimentos nessa área. Apenas com o compartilhamento dos fornecedores, os custos diminuíram 30%.
A experiência da Super Rede foi inspirada num modelo bastante comum principalmente nos Estados Unidos. Chamado de Central de Negócios, consiste na união de um grande número de empresas de pequeno porte que formam uma espécie de consórcio. No caso da Super Rede, os nanicos não só se uniram como adotaram a gestão centralizada em um executivo do mercado. Para Nelson Barrizzelli, especialista em varejo, é nesse ponto que está o futuro da companhia. “Os donos de pequenos supermercados tendem a resistir à ideia de um gestor independente.” Até agora, os supermercadistas cearenses não criaram problemas para Cardillo e talvez essa seja a principal razão para o recente sucesso da Super Rede.

 

 

Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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