Fabricantes como Idealax e Limppano começam a incomodar as grandes multinacionais com a alta generalizada do consumo
A folga no orçamento doméstico do brasileiro nos últimos cinco anos, permitida pelo aumentou o poder de compra da população de baixa renda, tem impulsionado um consumo
maior de produtos de limpeza. O movimento vem lustrando a presença de marcas ainda pouco conhecidas do grande público nas gôndolas dos supermercados.
O comportamento tem impulsionado o faturamento de pequenos e médios fabricantes como a paulista Idealax e a carioca Limppano, que crescem a um ritmo superior ao da concorrência. Elas fazem parte do grupo que já responde por um terço da receita do mercado no país, responsável por R$ 4 bilhões em2009.
O avanço foi observado em pesquisa da consultoria de tendências de mercado Nielsen
Brasil. “Há um aumento considerável de lançamentos de marcas menores. Observamos que
em algumas categorias elas ultrapassam marcas nacionais em vendas porque oferecem custobenefício com preço menor”, avalia a coordenadora da Nielsen, Ana Carolina Franceschi.
No caso da Idealax, o crescimento foi de 30% no último ano. O resultado ficou bem acima dos 7% calculado pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), cujo volume em 2009 somou R$ 12 bilhões com alvejantes, desinfetantes, esponjas de aço, entre outros produtos.
Receita de crescimento: A empresa faz planos para consolidar o espaço que conquistou
nas casas da população de renda ascendente com amaciantes, detergentes e limpa-vidros, entre sete produtos em 24 variações. “O crescimento é tão bacana que estamos mudando nossa unidade para Sumaré, saindo de uma área de 3.900 metros quadrados de chão de fábrica para dez mil metros, investindo recursos próprios”, conta o proprietário Fernando Figueiredo. “Atualmente, estamos com 22 funcionários em Campinas e começaremos com 54 pessoas em Sumaré. O planejamento é chegar a 120 colaboradores no final de 2010, em uma fábrica toda nova na qual prevemos investir R$ 2 milhões emmaquinário”, antecipa.
A estratégia da empresa para avançar no mercado tem sido apostar na ação regionalizada para ocupar espaço onde grandes empresas do setor deixam brechas enquanto focam centros urbanos maiores. “Apesar da faixa de preço regional ser até 50% menor que a nacional, se você tiver qualidade e preço ganha espaço. Essa é a estratégia para entrar no mercado e brigar com os produtores nacionais nos públicos das classes D e E”, avalia Figueiredo.
Estratégia no varejo Tarcisio Bravo Júnior, diretor comercial da Limppano - fabricante de esponjas sintéticas e de aço, panos para limpezas leves, luvas, entre outros produtos numa lista de 80 itens – diz que o crescimento de pequenas e médias empresas em um segmento dominado por gigantes como Unilever e Bombril só é possível cominvestidas próprias para conquistar espaço em gôndolas de supermercados. “É importante não ter dependência de atacadistas.Emgrandes centros é mais fácil fazer a distribuição por conta própria.”
Para a Limppano crescermédia de 17% anualmente nos últimos cinco anos e atingir faturamento de R$ 60 milhões, o executivo afirma ter sido necessário criar estrutura de marketing para bater à porta do varejo. “Tenho um produto bom e superior ao do líder do segmento, como palha de aço, mas quando vou vender para o atacadista preciso convencer o representante comercial. O que me sobra é vender direto, porque não tenhomarca forte”, compara.Agora, a empresa quer se consolidar.“Ou damos passos para crescer muito ou somos engolidos”, indica Bravo.
Veículo: Brasil Econômico