Marcas Mappin e Mesbla tentam ressuscitar

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No Brasil, elas tinham o glamour que têm a Macy's e a Bloomingdale's, nos Estados Unidos. Mas, atoladas em dívidas e em má administração, Mappin e Mesbla foram à falência em 1999, depois de décadas atraindo consumidores para seus vários andares e departamentos - modelo que já não existe mais no país. Depois de dez anos no limbo, as duas marcas esboçam uma ressurreição.

 

A marca Mappin, comprada em leilão pela Marabraz no início de dezembro, deverá voltar em um novo formato de loja. Já a Mesbla virou recentemente um site ( www.mesbla.com.br ), mas que será tirado do ar em breve. A marca Mesbla também será leiloada pela Justiça.

 

"O dinheiro será usado para pagar dívidas das duas empresas", explica o juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, da 18ª Vara Cível de São Paulo. Tanto a marca Mesbla quanto a Mappin pertencem ao empresário Ricardo Mansur, que havia comprado a rede Mappin em 1996 e a Mesbla um ano depois. Com a bancarrota, bens e marcas foram penhorados para o pagamento de credores trabalhistas, fiscais e ex-fornecedores. "No total, somando juros e multas acumuladas há pelo menos dez anos, essa dívida ultrapassa os R$ 10 bilhões", diz o juiz.

 

Enquanto o imbróglio não for resolvido com os credores de Mappin e Mesbla, Ricardo Mansur não pode usar nenhuma das duas marcas, segundo o advogado Santiago Moreira Lima, que defende a seguradora AIG contra o Mappin. A AIG era a seguradora da Motorola, uma das empresas que levou calote. Em uma ação que soma R$ 50 milhões, a companhia tenta reaver o dinheiro pago como indenização à Motorola. Para tanto, Moreira Lima conseguiu há dez dias a penhora da marca Mesbla - avaliada em R$ 1 milhão - e também está pleiteando o mesmo para a Central Energética de Ribeirão Preto, usina de açúcar e álcool comprada por Mansur no ano passado.

 

"Enquanto não saldar todas as pendências das duas falências, Mansur não pode se envolver em nenhum tipo de negócio diretamente", explica Moreira Lima.

 

Há poucos meses, o empresário colocou na internet o site da Mesbla. Mas o portal já está sendo "deletado". "Estou desmontando esse site, assim como fiz com o do Mappin", diz o juiz Ferreira. Há sete meses, segundo ele, Mansur teria transformado a marca Mappin em site de comércio eletrônico. "Ele tentou usar indevidamente as duas marcas", afirma.

 

Mas, pelo menos até agora, o nome Mappin teve melhor destino. Foi arrematado por R$ 5 milhões pela varejista de móveis populares Marabraz. O leilão, ocorrido em 3 de dezembro, foi a terceira tentativa de venda da marca. Até agora, o lance inicial mínimo havia sido fixado em R$ 12 milhões. "A marca só foi vendida porque o valor mínimo caiu para R$ 500 mil", afirma Eduardo Tomiya, especialista em marcas. "A disputa foi concorrida", diz o leiloeiro Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro, da casa de leilões Sodré Santoro. Pelo menos uma dezena de interessados deram seus lances, segundo ele.

 

Agora dona do nome Mappin, a família Fares, proprietária da Marabraz, não fala sobre a aquisição. Apenas informa que lojas Marabraz não vão se transformar em "Mappins". O objetivo é iniciar um novo negócio, com formato e público alvo ainda em estudado.

 

"Pode dar certo. As duas marcas têm tradição", diz Tomiya. É mais fácil, segundo ele, abrir um negócio com a chancela de nomes de peso. Com a lembrança do que eram Mappin e Mesbla, o consumidor vai se sentir atraído por conhecer as novas lojas. "Mas só a marca não é garantia de sucesso, ainda mais se o retorno não corresponder à expectativa."

 

A advogada Katia Mansur Murad, representante de Ricardo Mansur, não atendeu aos pedidos de entrevista do Valor.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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