Com o aumento da renda da população, especialmente das classes emergentes, e impulsionadas pelo setor supermercadista, as vendas no varejo cresceram 8,7% em novembro, se compradas com o mesmo período de 2008. Considerando o acumulado de 2009 a alta foi de 5,5%, na comparação com os 11 primeiros meses do ano anterior. No 4° trimestre do ano passado, a empresa líder no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o Grupo Pão de Açúcar (GPA), anunciou alta de 44,6% em vendas líquidas ante o 4° trimestre de 2008, ou seja, R$ 7,435 bilhões -os número incluem as operações do Ponto Frio.
Se comparadas com novembro de 2008, as vendas do setor subiram 8,2%. Os números são da pesquisa de comércio divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para Luiz Góes, sócio sênior da Gouvêa de Souza - GS&MD, consultoria especializada em varejo, os números divulgados ontem pelo IBGE são o reflexo da melhora da economia a partir do segundo semestre do ano passado, com a diminuição nas alíquotas do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). "Tivemos em 2008 um ano muito sensível para o varejo e essas medidas ajudaram na retomada", diz.
De acordo com o consultor, a melhora na renda das famílias brasileiras e o aumento na oferta de crédito também foram determinantes para impulsionar o consumo no varejo, durante o período. "Se eles têm crédito e um pouco mais de dinheiro no bolso, certamente vão consumir mais."
Conforme o IBGE, as vendas totais do varejo subiram 1,1% em novembro em relação a outubro e 8,7% na comparação com novembro de 2009. Em relação a outubro, três das dez atividades pesquisadas registraram queda nas vendas: tecidos, vestuário e calçados (baixa de 0,3%), livros, jornais, revistas e papelaria (recuo de 1,1%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (redução de 1,9%). A maior expansão nesta base de comparação foi apurada em móveis e eletrodomésticos (alta de 5,9% nas vendas).
Na comparação com novembro de 2008, todas as atividades registraram crescimento nas vendas em novembro de 2009, sendo que as maiores variações foram apuradas em veículos e motos, partes e peças (alta de 37,1%), equipamentos para escritório e informática (avanço de 19,2%) e móveis e eletrodomésticos (aumento de 13,9%).
Supermercados
Para o professor Nuno Fouto, do Programa de Administração do Varejo (Provar), a alta de 8,2% nas vendas dos supermercados - 44,6% nas vendas do 4° trimestre do Grupo Pão de Açúcar, considerando os resultados das lojas do Ponto Frio, incorporado à empresa em julho do ano passado; e do Carrefour 13,4%, em relação ao mesmo período de 2008 - são reflexos da retomada do varejo, a partir do segundo semestre de 2009, que teve como fator determinante o crescimento das classes emergentes. "Existe uma tendência do varejo apresentar taxas de crescimento muito grandes."
Para o professor, o cenário econômico favorável, somado à confiança do consumidor em alta e o aumento da renda dos brasileiros deram impulso para o setor supermercadista. "Isso tudo teve efeito no varejo. Ainda mais para os supermercados que é menos volátil", diz o professor.
Em comunicado, o Grupo Pão de Açúcar afirmou que as vendas líquidas atingiram R$ 7,435 bilhões, entre os meses de outubro a dezembro do ano passado. As vendas brutas apresentaram crescimento de 41,4%, totalizando R$ 8,376 bilhões, no período.
Dados preliminares da empresa mostram que, sem as operações do Ponto Frio, as vendas "líquidas da companhia cresceram 17,6% e 14,0% as vendas brutas.
No conceito mesmas lojas - apenas lojas com, no mínimo, 12 meses de operação, portanto, excluindo os resultados da Globex Utilidades (Ponto Frio) -, as vendas brutas cresceram 10,6% nominalmente, enquanto as vendas líquidas 14,1%.
Também no conceito "mesmas lojas", os produtos alimentícios apresentaram expansão em vendas brutas de 8,4% no período. As vendas de não-alimentos cresceram 17,0% na comparação entre trimestres.
De acordo com o Pão de Açúcar, as vendas de eletroeletrônicos foram beneficiadas no período pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e por condições de financiamento ao consumidor diferenciadas, por meio da Financeira Itaú-CBD (FIC).
Já o Carrefour viu aumento de 10% considerando as mesmas lojas, nas operações da bandeira Atacadão, que vende tanto no atacado como no varejo (atacarejo) e tem como foco o publico transformador.
Para viabilizar sua expansão a rede investiu na abertura de 11 unidades Atacadão, 2 hipermercados Carrefour e 10 lojas Carrefour Bairro - resultado da aquisição de unidades da rede Gimenes, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A rede também investiu em expandir sua rede de serviços, com a abertura de 5 unidades de Drogaria, 28 de Serviços Digitais (revelação de fotos) e uma loja Carrefour Express.
Para dar suporte a sua cadeia o Carrefour Brasil construiu dois centros de distribuição (CD) para atender às lojas Atacadão de Recife (PE) e Ribeirão Preto (SP).
Acumulado
No acumulado do ano, o Grupo Pão de Açúcar registrou vendas líquidas de R$ 23,229 bilhões em 2009, o que representa um crescimento de 28,8% ante 2008. Já o faturamento bruto alcançou R$ 26,240 bilhões, alta de 25,8% em comparação ao ano anterior.
Sem considerar as operações do Ponto Frio, as vendas líquidas tiveram alta de 15,2% em 2009, enquanto as brutas subiram 11,9%.
No conceito "mesmas lojas", as vendas líquidas cresceram 12,7% nominalmente, ao passo que as vendas brutas foram 9,6% maiores. Ainda neste conceito, os produtos alimentícios tiveram alta de 8,3%, enquanto os produtos não-alimentícios registraram expansão de 13,5%. A empresa, procurada pela reportagem, disse, por meio da assessoria, que não comentaria os resultados.
Veículo: DCI