A demanda pelo açúcar brasileiro pode registrar novos incrementos decorrentes do aumento da procura pelo tipo refinado. Dois dos maiores importadores da commodity pretendem ampliar a produção em 2010. A Rússia deve produzir entre 5,6 milhões e 5,8 milhões de toneladas de açúcar refinado este ano, ante 5,05 milhões de toneladas produzidas em 2009, segundo informações divulgadas pela associação nacional de produtores russos (Soyuzrossakhar). Do volume total, 2,1 milhões de toneladas do produto deverão ser produzidas a partir de matérias-primas importadas.
Em 2009, o Brasil embarcou para a Rússia 2,66 milhões de toneladas de açúcar e gerou uma receita de US$ 852,51 milhões, sendo a commodity a segunda na pauta de exportações para o país. Apesar de manter a posição, o resultado aponta uma queda de 24,83% no desempenho do produto na balança comercial entre os dois países. Com o avanço na produção russa, a expectativa é a de que o País possa recuperar parte desse mercado comprador.
A Índia, maior país consumidor de açúcar, também deve continuar reforçando o comércio mundial de açúcar. Nesta semana, Sharad Pawar, ministro da Agricultura da Índia, anunciou a aprovação pelo governo indiano da extensão de um prazo para importação de açúcar refinado livre de impostos. A autorização inclui ainda o processamento de açúcar demerara importado em algumas províncias. A medida é uma tentativa de aumentar as ofertas e aliviar os preços.
Duas quebras de safras sucessivas transformaram a Índia no maior importador global atualmente. O país necessita de 23 milhões de toneladas por ano, enquanto a produção interna está estimada em aproximadamente 16 milhões de toneladas no ano-safra que acaba em 30 de setembro. Nesse contexto, o Brasil foi o principal beneficiado, elevando as exportações de açúcar para a Índia para 4 milhões de toneladas no ano passado, ante 159,6 mil toneladas do ano anterior.
Os preços internos do produto no País responderam rapidamente aos fundamentos do mercado. Nesta semana, o preço do açúcar cristal atingiu o maior patamar já registrado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em termos reais. Na terça-feira, o Indicador do Açúcar Cristal Cepea/Esalq (Estado de São Paulo) fechou a R$ 71,33 a saca, subindo 7% em uma semana. Até então, o maior valor registrado pelo Cepea tinha sido observado em fevereiro de 2003, quando o Indicador fechou a R$ 65,03, em termos reais.
Veículo: DCI