O Grupo Pão de Açúcar registrou o seu melhor desempenho em pelo menos uma década, confirmando o prognóstico de que o consumo voltou a se expandir com força a partir do segundo semestre de 2009. A companhia, que se transformou na maior varejista da América Latina com as recentes aquisições do Ponto Frio e da Casas Bahia, faturou R$ 26,2 bilhões em todo o ano de 2009 e R$ 8,4 bilhões apenas no quarto trimestre. As cifras são, respectivamente, 25,8% e 41,4% maiores que as obtidas em iguais períodos de 2008.
Mas um dos maiores feitos da varejista em 2009, contudo, foi o aumento real de 4,1% nas vendas brutas se consideradas apenas as lojas que já estavam em operação em 2008. Ao longo dos últimos dez anos, o Grupo Pão de Açúcar penou para conseguir elevar suas vendas acima da inflação nas lojas com mais de um ano de vida. Desde 2001, pelo menos, o faturamento real da varejista, quando deflacionado pelo IPCA, só encolhia.
Esse quadro já fora revertido em 2008, quando a rede apresentou um aumento real das vendas de 2,6% nas mesmas lojas. Mas os crescimentos de 4,1% em 2009 e de 5,5% apenas no quarto trimestre do ano coroaram essa tendência.
Beneficiado pelo maior poder aquisitivo das classes de renda mais baixa, o varejo de alimentos de forma geral apresentou um forte desempenho em 2009. Até novembro, o segmento de hiper e supermercados acumulava uma expansão de 8%, segundo o IBGE. As vendas nominais do Grupo Pão de Açúcar cresceram em 2009 acima desse percentual - 9,6% - nas lojas em operação há mais de 12 meses.
"O resultado [do IBGE] corrobora a expansão robusta da demanda. Assim, reforçamos nossas expectativas de que o varejo continuará crescendo em ritmo sustentável", afirmam os analistas do Bradesco, em relatório.
Os números do Pão de Açúcar ainda não contemplam plenamente as aquisições do Ponto Frio, em junho, e da Casas Bahia, em dezembro. Juntas, as duas varejistas vão agregar algo próximo a R$ 20 bilhões em vendas anuais. Com as aquisições, o Pão de Açúcar também deixa de ser uma varejista predominante de alimentos para se transformar em um grande distribuidor de bens duráveis. Assim, a companhia espera tirar proveito da segunda onda da recuperação econômica, que deve vir embalada pela expansão no crédito.
Mas não são só os fatores macroecômicos que levaram o Pão de Açúcar a adquirir as duas maiores varejistas de eletrodomésticos do país, desviando-se de seu "core business", o varejo de alimentos. Desde que se associou ao grupo francês Casino, em 1999, o herdeiro Abilio Diniz quintuplicou a sua companhia. Em 1998, sua rede faturou apenas R$ 5,1 bilhões. As aquisições do Ponto Frio e da Casas Bahia, portanto, enquadram-se nessa estratégia de crescimento acelerado.
Em 2005, Diniz fez um novo acordo com o Casino, no qual ambos passaram a dividir (50%-50%) o controle do Grupo Pão de Açúcar. Nesses últimos cinco anos, o faturamento do Grupo Pão de Açúcar já cresceu 72%, saltando de R$ 15,2 bilhões em 2004 para R$ 26,2 bilhões no ano passado. Com o Ponto Frio e a Casas Bahia, espera-se que ele vá agora para casa de R$ 40 bilhões.
Pelo acordo de acionistas, o Casino terá a opção de assumir o controle do Pão de Açúcar em 2013 - ou oito anos após a assinatura do contrato, em 2005.
Veículo: Valor Econômico