O Centro-Sul pode não ter açúcar disponível para exportar já neste primeiro quadrimestre de 2010. Segundo previsão da consultoria Datagro, mantendo-se o mercado interno abastecido no período - a demanda é estimada em 3,1 milhões de toneladas - , apenas 2,7 milhões de toneladas da commodity estarão disponíveis para exportação entre janeiro e abril. O volume é muito baixo, uma vez que no mesmo quadrimestre de 2009 foram embarcados 4,875 milhões de toneladas.
"O agravante é que agora o mercado mundial está demandando mais açúcar", diz Plínio Nastari, presidente da Datagro. A previsão de oferta total, em torno de 5,8 milhões de toneladas de janeiro a abril, já leva em conta a produção esperada para esses quatro meses, de 1,9 milhão de toneladas .
O resultado desse aperto se reflete em cotações recordes. Aos preços do dia 14/01 na bolsa de Nova York (27,76 centavos de dólar por libra-peso), a Datagro calculou que, o mercado interno, está pagando o equivalente a 31,13 centavos de dólar (R$ 70,97 a saca), com imposto. No Nordeste, que está no pico da safra, os preços do açúcar estão ainda mais altos: 33,39 centavos de dólar a libra-peso (R$ 80,11) - também a preços do dia 14. Na sexta-feira, a commodity caiu 14 pontos fechando a 26,38 centavos de dólar.
"O volume de exportações de açúcar a partir da região Nordeste também está crescendo bastante. É possível que a partir de junho a região seja totalmente abastecida com açúcar do Centro-Sul", diz Nastari. O presidente da Datagro também reviu projeções para a safra 2009/10, em finalização. O Brasil deve concluir o ciclo com moagem de 589,71 milhões de toneladas, sendo 527,71 milhões no Centro-Sul (ante os 504,96 milhões de toneladas da safra 2008/09).
A produção brasileira de açúcar deve atingir 33,06 milhões de toneladas, apenas 2 milhões de toneladas a mais do que no ciclo anterior. Esse adicional veio do Centro-sul que deve concluir a temporada com 28,43 milhões de toneladas, bem abaixo da capacidade instalada na região, que é de 32 milhões de toneladas.
O desempenho aquém do potencial se deveu ao excesso de chuvas, que reduziu a qualidade da cana. Assim, o rendimento de açúcares totais na temporada foi de 130,86 quilos por tonelada no Centro-Sul. Pela primeira vez desde a década de 70, ficou abaixo do registrado no Nordeste, de 136,90 quilos.
Veículo: Valor Econômico