Hershey prepara oferta maior que a da Kraft pela Cadbury

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A Hershey Co. planeja oferecer esta semana pelo menos US$ 17,9 bilhões pela Cadbury PLC, após concluir que tem recursos suficientes para derrotar a oferta rival de US$ 17,2 bilhões da Kraft Foods Inc., disseram pessoas a par da situação.

 

A Hershey acertava na sexta-feira os detalhes finais de um pacote de financiamento que pode dar início ao tipo de disputa internacional por uma aquisição que tinha praticamente desaparecido depois da crise financeira de Wall Street do fim de 2008.

 


O pacote conta com um empréstimo de pelo menos US$ 10 bilhões de bancos como J.P. Morgan Chase & Co. e Bank of America Merrill Lynch. Deve ainda incluir US$ 5 bilhões em novas ações da Hershey e ao menos US$ 3 bilhões de investidores e do fundo fiduciário Hershey, entidade que controla a fabricante americana de chocolate, disseram as pessoas.

 

O plano da Hershey no momento é fazer uma oferta de 800 pence (US$ 12,99) a 820 pence por ação da britânica Cadbury, ante 770 pence oferecidos atualmente pela Kraft. A ação da Cadbury tem flutuado na casa de 794 pence.

 

O diretor-presidente da Hershey, David West, que há meses vinha obstruindo a ideia, passou "a aceitá-la como inevitável", disse uma das pessoas. Os conselheiros da Hershey até prometeram que ele ocupará o cargo de diretor-presidente da nova empresa, disse uma das pessoas a par das discussões.

 

A probabilidade de uma oferta agora "é de 75% a 80%", disse outra pessoa familiarizada com a situação.

 

A empresa e o Milton Hershey School & School Trust não quiseram comentar. Um porta-voz da Kraft disse: "Continuamos a acreditar que nossa oferta é a que tem melhor valor imediato e potencial de retorno para os acionistas da Cadbury."

 

A oferta da Hershey ganhou impulso nos últimos dias, disseram as pessoas, quando o banqueiro Byron Trott conseguiu que alguns investidores de alto nível se comprometessem a aplicar US$ 2 bilhões.

 

Um comitê especial com três membros do conselho da Hershey autorizou a empresa na terça-feira a fazer uma oferta de pelo menos 800 pence, disse uma pessoa a par da questão.

 

Os conselhos das duas empresas se reunira m várias vezes nos últimos dias. Os conselheiros da Cadbury disseram que não recomendariam aos acionistas uma oferta menor que 850 pence, disse uma pessoa a par das negociações.

 

Da mesma forma, não aceitariam nem que a Kraft elevasse sua oferta para 800 pence ou mais, disseram as pessoas.

 

De acordo com a lei britânica de aquisições, a Kraft tem até amanhã para fazer a oferta final. A comissão de aquisições do Reino Unido também estabeleceria um prazo para a Hershey lançar sua própria oferta.

 

A entrada da Hershey na disputa cria o cenário para uma escalada no preço. Se a Hershey tiver poder de fogo suficiente para ultrapassar a Kraft, será que a fabricante americana de alimentos deve aumentar sua oferta? A Kraft realmente conta com o apoio dos acionistas para aumentar sua própria oferta depois que o maior deles, Warren Buffett, negou-se a apoiá-la?

 

É evidente que a Kraft continua no topo da situação. O valor de mercado da gigante dos alimentos é mais de cinco vezes o da Hershey e pode "impulsionar isto aqui de uma oferta superável para uma insuperável", admitiu uma pessoa próxima da Hershey.

 

É improvável que a Hershey ofereça mais de 850 pence, pois teme perder seu grau de investimento.

 

Samuel Weaver, professor de finanças da Universidade Lehigh, dos Estados Unidos, que trabalhou 15 anos na Hershey, até o fim da década de 1990, calculando o valor de aquisições, disse que a empresa deve agir cautelosamente na hora de tentar comprar a Cadbury. Ele disse temer que o novo endividamento se torne um fardo para a empresa resultante de uma fusão. Ele acrescentou que a nova empresa terá de alocar a maior parte de seu fluxo de caixa para quitar a dívida, em vez de financiar dividendos ou reinvestimentos.

 

"O serviço da dívida será horroroso futuramente", disse Weaver. Ele disse que aconselharia os executivos da Hershey a deixar a avaliação de risco cair para um degrau acima de grau especulativo só se tiverem um plano para recuperar em três anos a antiga nota de crédito.

 

Weaver acrescentou que, embora não tenha examinado detalhadamente os informes da Hershey, "não considero [a aquisição] um bom negócio".

 

De sua parte, a diretora-presidente da Kraft, Irene Rosenfeld, esteve em Londres semana passada tentando convencer os acionistas da Cadbury. Provavelmente a Kraft terá de aumentar a oferta para atrair um número suficiente de acionistas.

 

De fato, os dois maiores acionistas da Cadbury - Franklin Resources Inc. e Legal & General Investment Management - afirmaram sexta-feira que a oferta atual da Kraft não é suficiente.

 

"A nossa visão é que ela subvaloriza significativamente a Cadbury, e acho que praticamente todos concordam com isso", disse Peter Langerman, diretor-presidente da Mutual Series, uma subsidiária da Franklin Resources que detém mais de 100 milhões de ações da Cadbury. "Os investidores da empresa não estão na bacia das almas. Se não houver negócio, tudo bem." Ele não quis dizer qual seria o preço aceitável para a Cadbury.

 

Juntas, a Franklin e a Legal & General têm quase 13% da Cadbury.

 

Administradores de fundos de hedge, que acumularam 20% ou mais do capital da Cadbury desde que a Kraft revelou sua oferta, em setembro, pensam da mesma maneira.

 

Numa possível ajuda a Rosenfeld, o investidor ativista William Ackman, da Pershing Square Capital Management LP, disse sexta-feira que comprou 2% da Kraft e apoia a oferta pela Cadbury. Ackman disse esperar que a Kraft aumente a oferta, mas alertou que a empresa deve fazer isso com dinheiro, não ações. "A própria Kraft está subvalorizada, então esse acordo faz muito sentido", disse ele ao Wall Street Journal.

 


Veículo: Valor Econômico


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