Kraft fecha compra da Cadbury por US$ 19,5 bi

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Negócio cria a maior fabricante de chocolates e doces do mundo

 

A companhia britânica de doces Cadbury aceitou a compra do seu controle acionário por US$ 19,5 bilhões pelo grupo alimentício americano Kraft, num negócio que cria a maior fabricante de chocolates do mundo. O conselho de administração da Cadbury, fabricante das gomas de mascar Trident, Chiclets e Bubbaloo, desistiu de uma disputa de quatro meses para permanecer independente e ontem recomendou a seus acionistas que aceitem a oferta da Kraft de 840 pence (US$ 13,78) por ação, num total de £ 11,9 bilhões.

 

Os acionistas da Cadbury também receberiam um dividendo de 10 pence anteriormente prometido pela Cadbury. A proposta revista é de 500 pence (US$ 8,20) em dinheiro e 0,1874 ação nova da Kraft por cada ação da Cadbury, ainda um pouco abaixo do que alguns analistas achavam que a companhia vale, mas 50% acima do valor de mercado da Cadbury antes de a Kraft vir a público com sua oferta em setembro.

 

Uma oferta anterior, de £ 10,5 bilhões (US$ 17,1 bilhões), ou 770 pence por ação, foi rejeitada pela Cadbury como "irrisória". A Kraft Foods, fabricante do chocolate Toblerone, do queijo Philadelphia e dos biscoitos Nabisco, ainda precisa persuadir uma maioria dos acionistas da Cadbury a aceitar o acordo, e a porta continua aberta até segunda-feira para a The Hershey Co. fazer uma proposta rival.

 

As companhias combinadas serão líderes mundiais em doces e chocolates, disse a Kraft, a segunda do mundo no mercado de gomas de mascar. Mas algumas pessoas na Grã-Bretanha estão insatisfeitas com a perspectiva de uma marca histórica perder sua independência.

 

As raízes da Cadbury remontam ao armazém aberto em 1824 por John Cadbury, em Birmingham. Cadbury acreditava que cacau e chocolate líquido eram alternativas saudáveis ao álcool. Sua marca de chocolate Dairy Milk foi lançada em 1905, como um desafio aos fabricantes suíços que dominavam o mercado.

 

"Temos grande respeito pelas marcas, a herança e as pessoas da Cadbury. Acreditamos que elas prosperarão como parte da Kraft Foods", disse a presidente executiva da Kraft, Irene Rosenfield. "Essa oferta recomendada representa uma oportunidade convincente para acionistas da Cadbury, proporcionando certeza de valor imediato e potencial futuro na companhia combinada." O presidente da Cadbury, Roger Carr, que havia conduzido uma defesa exaltada contra a oferta anterior, disse que o negócio "representa um bom valor para os acionistas da Cadbury". As ações da Cadbury subiram 3,3%, para 834 pence, depois do anúncio.

 

"Embora sempre considerássemos que 850 pence seriam suficientes para ganhar apoio dos acionistas, temos de admitir surpresa com a docilidade com que a Cadbury aparentemente os aceitou", disse Jeremy Batstone-Carr, analista da Charles Stanley & Co. Ainda na semana passada, acrescentou Batstone-Carr, o chairman da Cadbury "havia previsto confidencialmente que o preço da ação da companhia poderia ficar acima de 10 libras (mil pence) no curso do processo".

 

SINERGIA

 

A Kraft previu uma economia de custos antes de impostos de pelo menos US$ 675 milhões por ano depois que a empresa combinada estiver operando por três anos. Ontem se esgotava o prazo limite para a Kraft elevar sua oferta. As ações da Cadbury subiram acima de 800 pence na segunda-feira, indicando que o mercado esperava que a oferta fosse para esse nível ou mais.

 

O preço acertado é 13 vezes a geração de caixa (Ebitda) da Cadbury; a empresa britânica argumentou que, em compras de controle acionário similares recentes no setor, a relação havia sido de 14 vezes ou mais. O prazo para a Kraft obter a aceitação dos detentores de uma maioria da ações da Cadbury é dois de fevereiro.

 

David Cumming, diretor para papéis britânicos na acionista da Cadbury, a Standard Life, havia dito na segunda-feira que a Kraft precisava visar acima de 900 pence para conseguir apoio de acionistas de longo prazo. Ontem, porém, ele sinalizou que a luta havia terminado. "Eu provavelmente não vencerei contra a opinião da administração da Cadbury", disse.

 

A Kraft aumentou a parte em dinheiro de sua proposta no início deste mês de 300 pence para 360 pence, após vender seu negócio de pizza americano para a Nestlé por US$ 3,7 bilhões.

 

O bilionário investidor Warren Buffett, cuja Berkshire Hathaway é a maior acionista da Kraft, havia advertido contra oferecer mais ações pela Cadbury. Ele declarou no ano passado que a oferta original da Kraft pela Cadbury era "bastante completa". A Kraft disse que a oferta mais recente reduz a parte de ações e por isso não precisa ser aprovada por seus acionistas. A Cadbury tem cerca de 45 mil empregados em 60 países. O montante da dívida a ser assumido para financiar o negócio está suscitando temores de cortes de pessoal.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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