Com a Cadbury, Kraft supera a Mars no mercado de doces

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A Kraft Foods se tornou a maior fabricante de doces do mundo ontem depois de fechar a compra da britânica Cadbury por 11,9 bilhões de libras (US$ 19,6 bilhões). Com a transação, a Kraft fica com 14,9% do mercado global contra 14,8% do grupo Mars, proprietário da marca M&M´s.

 

A operação acontece depois de negociações de última hora que deram fim aos impasses sobre os preços. A Kraft havia apresentado uma oferta hostil pela Cadbury no ano passado avaliada em aproximadamente US$ 17 bilhões. Desde então, os acionistas da Cadbury - entre eles o mega investidor Warren Buffett - vinham recusando a proposta alegando subvalorização dos ativos da companhia britânica.

 

Na segunda-feira, as companhias sentaram pela primeira vez na mesa de negociações na busca de um entendimento. A Kraft tinha até ontem para apresentar uma nova proposta de acordo com as regras do mercado britânico. A norte-americana enfrentava a concorrência da Hershey, que se preparava para apresentar uma oferta pela Cadbury até o próximo dia 23.

 

O acordo em ações e dinheiro com a Kraft valoriza cada ação da Cadbury em 840 pences (US$ 1, 371), com os acionistas recebendo um dividendo especial de 10 pences, totalizando 850 pences, o que gerou uma recomendação unânime do conselho da Cadbury em favor do negócio.

 

"A Kraft conseguiu um bom acordo: 850 pences está previsto no atual preço por ação da Kraft, e é de se esperar que as ações da Kraft subam na esteira de uma quantidade substancialmente menor de ações da Kfraft a serem emitidas como parte da compra", disse Graham Jones, analista da Panmure Gordon.

 

A oferta que convenceu a Cadbury a aceitar o negócio envolve 500 pences em dinheiro e 0,1874 nova ação da Kraft. A proposta original era de 300 pences em dinheiro e 0,2589 ação a ser emitida pela Kraft, o que compunha um total de 745 pences.

 

Além de criar o maior grupo de confeitos do mundo, na frente da Mars, a operação trará sob um só teto os chocolates Dairy Milk da Cadbury e Milka e Toblerone da Kraft Foods.

 

Irene Rosenfeld, presidente-executiva da Kraft, melhorou a oferta da companhia norte-americana com mais dinheiro e reduziu o número de ações da proposta para convencer o presidente do conselho de administração da Cadbury, Roger Carr, e tranquilizar Warren Buffett.

 

"Acredito que pagar 13 vezes o Ebtida por um ativo dessa qualidade é um preço muito bom", disse Rosenfeld. Ela afirmou, ainda, que é capaz de encontrar formas adicionais de reduzir custos combinando as duas empresas depois de conversar com o presidente do conselho da Cadbury, Roger Carr. Essa redução de custos seria em sua maior parte com despesas administrativas.

 

Apesar do preço mais alto, Rosenfeld disse que o acordo ainda está dentro das metas da Kraft de gerar lucro pelo segundo ano após a conclusão da operação, além de manutenção de dividendos da Kraft e da nota de grau de investimento da empresa. Ela espera que o rating de crédito da empresa seja confirmado. Até o fechamento desta edição, as agências de classificação de risco não haviam fornecido informações sobre a classificação de risco do grupo norte-americano.

 

"Estamos satisfeitos com os compromissos adquiridos pela Kraft Foods em relação a nossa herança (em breve a Cadbury completará 200 anos de existência), nossos valores e nossos funcionários em todo o mundo", disse o presidente da Cadbury.

 

Brasil

 

A aquisição da Cadbury pela Kraft não deverá afetar a operação das duas companhias no Brasil. Donas de marcas conhecidas no País, as duas empresas informaram à Secretaria de Direito Econômico (SDE) e à Secretária Especial de Acompanhamento Econômico (Seae), que a compra não vai gerar concentração de mercado no Brasil. "[As empresas] informaram que a operação em referência não irá gerar integrações verticais e/ou sobreposições horizontais entre as atividades das requerentes, em função da Cadbury ofertar, no Brasil, apenas confeitos de açúcar e gomas de mascar, produtos estes não ofertados pela Kraft no Brasil".

 


Veículo: DCI

 

 

 


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