O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) negocia uma participação acionária na Hypermarcas, empresa que tem expandido sua atuação na área farmacêutica por meio de aquisições. A negociação, segundo fontes de mercado, gira entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. Interessado na consolidação do parque farmacêutico nacional, o BNDES estuda uma forma de fortalecer ainda mais a Hypermarcas para que ela possa manter sua estratégia de compra de ativos no setor e ampliar sua atuação na área de genéricos.
O valor de mercado da empresa hoje é estimado no mercado em R$ 10,3 bilhões. Só no ano passado, a Hypermarcas fez cinco operações de aquisição. Na área farmacêutica, a compra do laboratório Neo Química há um mês, estimada em R$ 1,3 bilhão, deu à empresa o terceiro lugar no ranking do setor com a entrada na área de genéricos e similares. Em 2008, pouco depois de abrir capital, já tinha incorporado o laboratório Farmasa e liderava o mercado de medicamentos sem prescrição.
De olho no forte crescimento do setor, que passou incólume pela crise, a Hypermarcas aumenta a participação dos medicamentos em seu portfólio, que também tem cosméticos, higiene pessoal, limpeza e alimentos. No ano passado, o BNDES decidiu mudar sua estratégia para estimular a consolidação entre os laboratórios nacionais, já que o perfil familiar predominante dificulta os negócios. Passou a oferecer aos controladores a possibilidade de a subsidiária BNDESpar se tornar sócia das empresas, uma forma de facilitar a abertura de capital e viabilizar investimentos e operações de fusão e aquisição.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, tem recebido executivos de várias empresas no Rio. Cogitou a possibilidade com algumas, mas as conversas estão mais adiantadas com a Hypermarcas, que buscou apoio do banco após a compra do Neo Química.
O chefe do Departamento de Produtos Intermediários Químicos e Farmacêuticos do BNDES, Pedro Palmeira Filho, confirmou que o banco negocia com a Hypermarcas, mas não deu detalhes das tratativas. "Estamos conversando. Teria muito sentido se o BNDES pudesse capitalizar a Hypermarcas para que fizesse novas aquisições, inclusive no exterior", disse.
Se o negócio for concretizado, será a primeira participação do banco em uma farmacêutica. A BNDESpar poderia ficar com uma fatia entre 10% e 30% das ações da Hypermarcas. O BNDES tem aumentado o seu apoio a fusões e à internacionalização de empresas brasileiras e fortalecer o setor farmacêutico é uma das prioridades da política industrial do País.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ