Comércio de rua acirra disputa com shopping

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Tradicionais ruas comerciais de São Paulo como a 25 de Março, que atrai mais as classes B e C, e João Cachoeira e Oscar Freire, voltadas à classe A, estão passando por projetos de revitalização e atingindo novos consumidores, o que acirra a disputa com o público dos shopping centers.

 

Na Rua 25 de Março, um projeto de reestruturação deve ser aprovado pela Prefeitura de São Paulo este ano, com previsão de um bolsão de estacionamento para carros. A região, que recebe mais de 400 mil pessoas por dia, e gira R$ 17,6 bilhões por ano, também vem atraindo um público com maior poder aquisitivo e é um dos canais de varejo que mais está se beneficiando do aumento de renda da classe C, chamando atenção de indústrias, que passam a testar produtos no local.

 

Segundo pesquisa realizada pela TNS Research International na 25 de Março, que realizou mais de 700 entrevistas com consumidores, cada shopping center fatura 100 vezes menos do que a região e recebe apenas 7,5% do seu fluxo, considerando que existem 392 malls no País, que recebem 348 mil visitas por mês e faturaram R$ 69,7 bilhões em 2009.

 

De acordo com Elizabeth Salmeirão, diretora de contas da TNS, a região, que possui apenas 1,4 Km de extensão em 18 ruas, concentra bilhões e há estimativas que até os camelôs do local faturem cerca de R$ 10 mil por mês. Isso faz com que o local tenha o aluguel por m² mais caro de São Paulo, de R$ 25 mil a R$ 30 mil, superior até ao da Rua Oscar Freire, reduto nobre com e grifes internacionais, e onde acredita-se que média do aluguel é de R$ 7 mil.

 

A região tem atraído também um maior número de indústrias, além dos próprios lojistas tradicionais da região, como Armarinhos Fernando, Depósito de Meias São Jorge, entre outros, vem realizando práticas semelhantes a de grandes varejistas. "Marcas como a Lupo e a Tramontina testam seus produtos na 25 de Março e hoje até disponibilizam produtos de maior valor agregado que não colocavam antes. O comércio da região é mais dinâmico e se adapta rapidamente à tendências", diz a diretora. Indústrias de alimentação e bebidas também estariam interessadas para oferecer opções para os consumidores na região.

 

Para ela, a vantagem dos shoppings sobre o comércio de rua é oferecer maior conforto e segurança, mas muitos malls estariam cada vez mais lotados, o que os aproxima de regiões como a 25 de Março.

 

"Essa sensação de falta de prestígio e massificação da oferta nos shoppings leva a um processo de migração para outros tipos de varejo. Se o consumidor paga mais para estacionar o carro em uma área VIP do shopping, mas essa área começa a ficar cheia e não oferecer mais vantagens, vale a pena ir para um lugar mais barato ", explica.

 

Investimento

 

Também na capital paulista, a famosa Rua Oscar Freire se destaca com lojas sofisticadas, que aproveitam a rua para abrir lojas conceitos e divulgar suas marcas. A Associação dos Lojistas da Oscar Freire possui mais de 120 associados e a rua também está passando por um processo de revitalização.

 

Para a diretora da consultoria de estratégia em varejo Vecchi & Ancona, Ana Vecchi, a rua é também um local de passeio, além de espaço para pop up stores, lojas temporárias que também testam tendências na região, há ainda mudanças na comunicação visual das lojas. "Quanto mais classe A, mais clean a vitrine, por exemplo. Na 25 de Março é preciso quantidade e preço, já na Oscar Freire, há poucos produtos na vitrine e o consumidor precisa entrar na loja", diz.

 

Enquanto isso, a Rua João Cachoeira, no bairro do Itaim Bibi, com 128 lojistas, atrai o público que mora e trabalha nos arredores, mas cada vez mais consumidores de outros bairros e turistas. Segundo Felippe Naufel, diretor financeiro da associação, a primeira revitalização foi feita com uma parceria entre a Prefeitura e os lojistas em 2003 e consumiu R$ 2,3 milhões, mas algumas coisas ainda precisam ser feitas, como aterração da fiação elétrica, que não foi terminada por falta de verba, piso tátil para deficientes, etc.

 

Para isso, a entidade contratou uma agência de publicidade, a Farah Service, especializada em marketing de responsabilidade social, que está fazendo um projeto para a rua e buscará patrocinadores. A estimativa é que seja preciso cerca de R$ 1,5 milhão.

 

Para Naufel, as ruas comerciais também não perderam espaço para shoppings. "As ruas comerciais estão em um bom momento, mais lojistas e associações tem se profissionalizando, até o poder público está mais atendo para isso. Mesmo com o crescimento da indústria de shoppings não temos ponto vago. A demanda é forte e não se acha pontos vagos aqui, na 25 de Março ou em ruas como a Augusta", diz.

 

Tradicionais ruas comerciais de São Paulo, como a 25 de Março, João Cachoeira e Oscar Freire vêem acirrar a disputa com shopping centers, além de passarem por projetos de revitalizações.

 

Na rua 25 de Março um projeto de reestruturação deve ser aprovado pela Prefeitura de São Paulo este ano e prevê um bolsão de estacionamento para carros.

 

A região, que recebe mais de 400 mil pessoas por dia, movimenta R$ 17,6 bilhões por ano e vem atraindo público com maior poder aquisitivo, o que chama a atenção de indústrias, que passam a testar produtos no local.

 

A Oscar Freire e a João Cachoeira, voltadas à classe A, também registram aumento de fluxo. A João Cachoeira planeja uma reforma.

 


Veículo: DCI


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